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O Brasil entregou na manhã desta terça-feira o texto final da Rio+20 aos negociadores, após uma confusão que se arrastou pela madrugada e levou à suspensão das negociações às 2h20.

Uma plenária final para o exame do documento pelas delegações está marcada para ainda hoje no Riocentro. Nela, qualquer delegação pode rejeitar propostas e se manifestar, discordando em relação a itens contidos no texto.

Na segunda, o Brasil entrou em choque com a União Europeia por causa do documento. A UE havia considerado a primeira versão do documento escrito pelo Brasil fraca e desequilibrada, pendendo demais para erradicação da pobreza e de menos para o pilar ambiental do desenvolvimento sustentável.

O bloco insistiu para que os brasileiros deixassem os pontos polêmicos para decisão em nível ministerial, mas o coordenador brasileiro da Rio+20, Luiz Figueiredo, insistiu em que o texto seria fechado naquela noite e convocou uma plenária às 23h para apresentá-lo.

Às 2h18, o chanceler Antônio Patriota, o secretário-executivo da conferência, Sha Zukang, e a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, convocaram os diplomatas que esperavam havia três oras no salão do Pavilhão 3 do Riocentro para comunicar-lhes que o texto estava pronto - mas que só seria apresentado na manhã desta terça.

Mais cedo, Figueiredo havia reafirmado a decisão do Brasil de não esticar a conversa: "Isso foi abundantemente informado pelo país anfitrião muitas vezes na primeira plenária [domingo à noite], e é isso que vamos fazer. Vamos fechar e aprovar o documento esta noite."

Não aconteceu. A plenária de apresentação do texto foi adiada primeiro para meia-noite, depois indefinidamente, enquanto negociadores americanos riam da confusão e ministros europeus aguardavam comendo biscoitos no sofá e se queixando a jornalistas brasileiros sobre o mistério que cercava o documento.

A imprensa, aliás, foi um capítulo à parte dos acontecimentos da madrugada. Ao perceber a grande quantidade de jornalistas dentro da sala da plenária às 23h, a assessoria de imprensa do Itamaraty anunciou repentinamente uma mudança de sala. O objetivo era filtrar repórteres.

No tumulto formado por delegados correndo de um lado para o outro, porém, a imprensa acabou entrando também na outra sala. A "peneira", então, passou a ser "manual": diplomatas brasileiros fizeram uma varredura na sala da plenária, apontando os penetras aos seguranças da ONU, que convidaram-nos a se retirar.

Com o atraso na entrega do texto, porém, os delegados acabaram saindo logo depois dos jornalistas. A UE aproveitou para improvisar uma entrevista coletiva com suas principais autoridades, o comissário do Ambiente, Janez Potocnik, e a ministra do Ambiente da Dinamarca, Ida Auken, observada de longe por diplomatas brasileiros.

Eles rebateram sugestões dos países desenvolvidos de que estariam atrapalhando a discussão sobre finanças no texto e disseram que tempo de negociação não era o problema - e sim o nível de ambição do texto.

"O tempo nunca foi limitante para nós. Nós realmente achamos que 50 mil pessoas se juntaram aqui [no Rio] para fazer algo que mudaria o mundo. É com isso que temos de concordar", afirmou Potocnik. "Se pudermos fechar o texto em uma hora, ótimo. Senão, tudo bem. O que importa é substância."Questionada pela reportagem sobre se ainda defendia que o texto fosse levado a ministros para decisão, Auken afirmou: "Depende do quanto o nível de ambição for elevado aqui".

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