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O agricultor Dirceu Salve, de Loanda, plantou pinus e, além de lucrar com a madeira, refez a reserva legal da propriedade | Pascoal Sato
O agricultor Dirceu Salve, de Loanda, plantou pinus e, além de lucrar com a madeira, refez a reserva legal da propriedade| Foto: Pascoal Sato

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A melhor erva-mate é aquela que cresce na sombra, especialmente se for da araucária. O plantio associado das duas espécies gera bons resultados: o extrativismo da erva e a colheita de pinhões, que nos últimos tempos é mais rentável que a venda da madeira do pinheiro. O Sul do Paraná concentra as iniciativas nessa área. A prática ainda esbarra no receio que alguns proprietários têm de manter araucárias, em função de exigências e cobranças ambientais. Especialmente no litoral do Paraná, é o manejo do palmito juçara que está se desenvolvendo, com o preço em alta, principalmente para produtos com certificação de origem. Já os bambuzais geram aplicações diversas: comestível, na forma de broto, e para móveis.

O agricultor Dirceu Salve lembra o tempo em que a regra era assumir uma propriedade e cortar toda a vegetação nativa. "Estou aqui há mais de 50 anos, cheguei criança, quando ainda tinha mato. Primeiro a gente derrubava na beira do rio. Na época do café, plantava até pertinho da água", conta. Ele tem uma pequena propriedade em Loanda, extremo Noroeste do Paraná, com 12 hectares, completamente ocupados por pasto e lavoura de mandioca.

INFOGRÁFICO: Eucalipto ajuda a recuperar áreas nativas

Mas ele começou a sentir os efeitos da derrubada da mata ciliar que contornava o rio. "Era uma água bonita, corrente, mas foi assoreando. Estava virando tudo areia", diz. Em 2005, Dirceu aceitou o desafio de recuperar a Área de Preservação Permanente (APP) e a reserva legal. Mas para isso, numa propriedade tão pequena, não poderia abrir mão de área sem que representasse uma fonte de renda.

O agricultor foi selecionado para participar de um projeto com outros 186 produtores na região do Arenito Caiuá. A proposta era inusitada: plantar eucalipto para permitir o desenvolvimento de espécies nativas (veja infográfico). Em cinco anos, Dirceu fez o primeiro corte. Com o dinheiro, conseguiu construir uma casa. "A brota já está grande de novo, em três anos vai dar um corte bom", afirma. E as espécies nativas já mostram vigor. "O rio voltou a ser parecido com o que era", resume.

Pesquisa

O plantio de eucalipto associado a espécies nativas faz parte de uma pesquisa desenvolvida em parceria pela Embrapa Florestas e a Secretária Estadual de Meio Ambiente. O pesquisador Edilson Batista de Oliveira comenta que a técnica é muita indicada para o Arenito Caiuá, mas pode ser replicada em outras regiões, chegando até a 300 mil produtores pa­ra­naenses. Depois de 20 anos, a área nativa está desenvolvida e todo o eucalipto já foi cortado.

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