
O mistério tinha tudo para acabar. Mas continua. O conteúdo do manuscrito guardado na garrafa encontrada sob a estátua do líder da Inconfidência Mineira, na Praça Tiradentes, no Centro de Curitiba, foi revelado na manhã de ontem e indicou a existência de uma segunda garrafa, cuja busca foi autorizada horas depois pelo prefeito Gustavo Fruet.
O primeiro objeto foi encontrado há seis dias, quando a estátua foi removida para restauração. Desde então, o assunto ecoou em rodas de bares e redes sociais. Ontem, no Atelier João Turin, em Almirante Tamandaré, na região metropolitana da capital, a abertura da garrafa reuniu oito cinegrafistas e mais de uma dúzia de repórteres.
Após 12 minutos, porém, um enigma se criou. "A ideia é buscar esse segundo objeto, mas precisaremos ter calma e estudar uma estratégia para preservar o patrimônio da cidade", disse Mauro Tietz, diretor de Patrimônio da Fundação Cultural de Curitiba, que ainda adiantou ter solicitado à Guarda Municipal apoio para preservar o local e evitar que curiosos tentem remover a garrafa.
De acordo com o texto do manuscrito, a nova garrafa está distante 35 metros a oeste do local atual da estátua de Tiradentes. Isso porque ela foi encontrada enterrada sob a posição original da escultura instalada na praça em abril de 1927 e deslocada cinco anos depois. O texto diz ainda que ela guarda um exemplar do jornal O Dia e moedas de cobre e níquel.
Para o historiador Luiz Ribeiro, da Universidade Federal do Paraná, os objetos aparentemente foram colocados ali para marcar um tempo, mas a prática não é recorrente na história. "Isso não era uma prática comum. Parece mais uma invenção de alguém daquela época. Mas os objetos [jornal e moedas] são uma clara referência para marcar uma época", diz.
Nas redes sociais, internautas que se arriscaram com palpites sobre o conteúdo da primeira garrafa pareceram não mostrar frustração com o novo mistério e ainda indicaram uma possível "caça ao tesouro".
Brincalhão
Agora começam as apostas para saber se o conteúdo da segunda garrafa se resume a um jornal e moedas. Mas Maurício Appel, coordenador do Instituto João Turin, é cético sobre novas surpresas. "Antes de abrir [esta primeira garrafa] eu imaginava que fosse alguma brincadeira. O João era um grande brincalhão e ele poderia nos pregar uma peça. Mas [na outra garrafa] deve ter apenas documentos oficiais, assim como essa primeira."






