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Para evitar o encontro com policiais federais em greve, que o esperavam em uma comissão do Senado, o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) combinou com assessores uma saída alternativa para deixar o local. Em bilhete encaminhado ao ministro, uma assessora relata que organizou uma maneira dele sair "sem falar com ninguém" uma vez que os agentes da PF o aguardavam no corredor.

"Estamos organizando para o senhor sair sem falar com ninguém, pois a PF tomou o corredor", diz o bilhete flagrado pela Folha de S.Paulo.

No final da audiência, em que discutiu mudanças no Código Penal, Cardozo deixou o local por uma saída localizada no subsolo do Senado. A manobra evitou o encontro do ministro com os grevistas, que acompanharam toda a audiência.

A cada fala de Cardozo, os grevistas viravam as costas para o ministro. Todos estavam vestidos ou seguravam camisetas pretas com os dizeres "SOS para a Polícia Federal". Os agentes tentaram abrir uma faixa em apoio ao movimento, mas foram impedidos por seguranças do Senado. A manifestação foi pacífica, sem gritos nem a tentativa de uma aproximação do ministro.

Cardozo ignorou a presença dos grevistas ao longo da audiência até o senador Magno Malta (PR-ES) elogiar a postura dos manifestantes. O senador cobrou do ministro uma posição sobre a greve ao afirmar que "toda manifestação é legítima" e que Cardozo foi "treinado pelo PT" para lidar com grevistas. "É legítimo o que eles estão fazendo aí. É legítimo reivindicar", afirmou Malta.

Constrangido, Cardozo agradeceu aos servidores da Polícia Federal por terem ido "legitimamente" à comissão para protestar de forma pacífica. "Vossas Senhorias têm total direito de fazer manifestações dentro daquilo que a Constituição assim admite, como hoje fizeram."

O ministro disse que a Polícia Federal é uma das "instituições mais importantes" do país.

"Expressar sua posição, independente das posições que o governo acha que são justas ou que pode fazer,acho que é absolutamente legitimo e me sinto feliz, independente de visões que posamos ter, ora coincidentes, ora divergentes, que Vossas Senhorias aqui tivessem comparecido."

Os agentes, escrivães e papiloscopistas da Polícia Federal estão em greve desde o dia 7 de agosto. Eles reivindicam a reestruturação salarial da categoria, para que o vencimento inicial de R$ 7,5 mil suba para cerca de R$ 11 mil.

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