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Estudo estima em 20% o aumento do tempo nos deslocamentos urbanos de 2013 a 2015 | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Estudo estima em 20% o aumento do tempo nos deslocamentos urbanos de 2013 a 2015| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

“Podemos ter a melhor ideia do mundo, mas na execução é que notamos seus múltiplos impactos. É o diálogo que evita o erro”, afirmou o prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet, na abertura do Seminário Internacional “Uso do Automóvel na Cidade”, na noite desta quinta-feira, no Salão de Atos do Parque Barigui. A proposta do seminário, que reúne especialistas do Brasil, da França, de Portugal, da Itália, do México e da Argentina, é justamente permitir que os diversos setores da sociedade tratem do assunto. Para o presidente da Associação Comercial do Paraná, Antônio Miguel Espolador Neto, a presença de especialistas de diversos países é um grande acerto, pois traz ao debate uma pluralidade de visões e de experiências.

A discussão, lembrou o secretário do governo municipal, Ricardo Mac Donald Ghisi, não cabe em algumas horas e precisa ser estendida a toda a sociedade. Por isso, ele anunciou um concurso de ideias cujas inscrições se estenderão até 23 de setembro. Técnicos, acadêmicos e representantes de órgão públicos avaliarão os trabalhos e anunciarão em novembro os vencedores dos três prêmios: uma viagem ao centro de mobilidade da Renault, em Paris; uma viagem ao Centro de Estudos em Inovação, Tecnologia e Políticas de Desenvolvimento, em Lisboa; e uma bicicleta elétrica.

De solução a desafio

“O automóvel passou de uma grande solução, fruto da mesma revolução industrial que nos trouxe a água encanada e a energia elétrica, para um complexo desafio”, destacou o reitor da Universidade Positivo, José Pio Martins. Isso porque além do impacto ambiental pelo uso de um combustível fóssil que é poluente e esgotável, há efeitos na vida das pessoas, tanto na redução de conforto que temos quando gastamos tempo no trânsito, quanto, sobretudo, nas perdas que os congestionamentos causam no campo econômico e social.

Para ilustrar o peso que o trânsito representa, o presidente do Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade, Sandro Nelson Vieira, citou um estudo que estima em 20% o aumento do tempo nos deslocamentos urbanos de 2013 a 2015. “É um sequestro do tempo produtivo da sociedade”, avalia. A solução, diz Vieira, passa necessariamente pela adoção de ideias inovadoras.

Drama antigo

Alan Tissier, vice-presidente sênior da Renault, convidou a plateia a procurar no internet imagens dos congestionamentos de Paris em 1900. “Eram carroças, mas o problema estava lá.” Para ele, não existem soluções simplistas. “Se o carro fosse somente um vilão, seria fácil; prendíamos o vilão e tudo se resolvia”, brincou. O caminho, diz, passa por políticas públicas e pelo incentivo aos estudos online e ao uso de home-offices. Numa palavra: planejamento. “E essa não é a coisa mais comum no Brasil”, provocou, em tom de galhofa.

Fruet também defendeu a ideia do planejamento, sempre associado ao diálogo e à inovação. Como exemplo, citou a breve adoção de um modelo de sensores para que os idosos, com o mesmo cartão usado no sistema de transporte público de Curitiba, possam ser identificados na proximidade dos semáforos para pedestres e, com isso, ganhem 15 segundos a mais para a travessia na faixa. O prefeito curitibano também ressaltou o papel dos vereadores na elaboração de políticas públicas que contemplem o uso compartilhado das áreas urbanas, como na Via Calma.

Sem perder o tom otimista, Fruet mencionou ainda os desafios que a cidade enfrenta. “Para uma trincheira no bairro do Seminário, na esquina das avenidas Mário Tourinho e Nossa Senhora Aparecida, o investimento na obra em si é de R$ 8 milhões, mas precisamos de mais R$ 14 milhões para as desapropriações”, disse. Questões como essa não se apresentavam há 50 anos, acrescentou, lembrando que a mobilidade compete com verbas que também precisam atender áreas fundamentais, como saúde e educação. “Temos tradição em planejamento, mas também um nó financeiro. Daí a importância de um seminário como esse para intensificar um debate já em curso na cidade”, afirmou.

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