O preço e a disponibilidade de grandes terrenos em Curitiba estão mudando o panorama na moradia popular na capital. A Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab) está deixando de fazer as tradicionais casas e optando por pequenos prédios, de até quatro pavimentos. No ano passado, quando foram entregues 4.190 unidades habitacionais, 3.360 eram em edificações, o que corresponde a 80%.
"Como Curitiba tem uma limitação de área e o preço do terreno está cada vez maior, nós estamos permitindo, com o apoio da Caixa, projetos residenciais com o mesmo padrão das moradias térreas, mas para que tenha boa utilização dos terrenos disponíveis", explica o prefeito Gustavo Fruet (PDT). Para as 2.631 unidades em obra, a proporção é ainda maior: 2.324 são apartamentos, quase 90% do total.
O presidente da Cohab, Ubiraci Rodrigues, diz que essa tendência de verticalização das moradias populares também tem relação com a necessidade de otimizar os espaços para acomodar mais famílias. A opção da Cohab é por prédios de até quatro pavimentos, que dispensam a necessidade de elevadores, e diminuem os custos para quem viverá no local. Isso ocorre porque a preferência para ocupação desses imóveis é de famílias que se encaixam na faixa 1 do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), com renda de até R$ 1,6 mil mensais, ou para aqueles que vêm de reassentamentos, deixando áreas de risco.
Apesar da nova tendência habitacional, as casas ainda não deixaram de ser produzidas. Rodrigues explica que isso ocorre principalmente em casos de reassentamento, em que a forma como aquelas famílias vivem não permite com que sejam colocadas em edifícios. "Ainda temos produção de casa térrea, mas em um número menos expressivo do que nos últimos anos", pontua.
Novos empreendimentos
Duas novas obras de habitação que estão sendo iniciadas neste mês em Curitiba seguem o novo padrão. O residencial Theo Atherino, no Tatuquara, terá 240 apartamentos de dois quartos voltados para as famílias que estão na fila da Cohab e se inserem na faixa 1 do MCMV. Outro empreendimento é o Residencial Esperança, com 80 apartamentos, no Parolin. O condomínio será ocupado por famílias que moram em situação de risco. Nos dois casos, o custo de cada unidade habitacional será de R$ 67 mil, mas as famílias terão subsídios para a compra.
As obras estão próximas a escolas, creches e postos de saúde. Segundo Rodrigues, essa é uma preocupação crescente da Cohab. "Para as novas contratações, a gente tem usado esses equipamentos comunitários como itens de série", comenta. Dependendo do tamanho do empreendimento, há necessidade de mais apoio, como a implantação de armazéns da família, a mudança em linhas de transporte e também uma reavaliação da segurança pública da região.



