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Rio de Janeiro

Morador do Complexo da Maré acusa soldado de agressão

Militares prenderam 5 pessoas por desacato na região

Cinco homens foram presos na noite de quarta-feira (9) por desacato e tentativa de agressão a militares do Exército no Complexo da Maré, zona norte do Rio. Antes disso, houve tumulto e militares foram atingidos por pedras arremessadas pelos suspeitos, mas ninguém ficou ferido.

Nesta quinta-feira (10), a reportagem circulou pela região e ouviu reclamações de moradores sobre a ação dos soldados.

O Exército completa sexta-feira (11) seis dias de ocupação na Maré. A ação mobiliza cerca de 1,5 mil militares e tem o objetivo de preparar a região para a instalação de Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). O complexo de favelas fica situada entre as principais vias de acesso ao Rio, como a Linha Vermelha, que liga o aeroporto internacional ao centro da cidade.

Os presos foram levados para a Delegacia Policial Judiciária Militar (DPJM) e, em seguida, encaminhados à 21.ª DP (Bonsucesso).

Segundo o Exército, o ataque foi orquestrado por traficantes do conjunto de favelas numa tentativa de intimidar a tropa.

O caso aconteceu na praça dos 18, na comunidade Baixa do Sapateiro. Na ocasião, uma adolescente foi apreendida com 26 pedras de crack e um homem foi preso por tráfico de drogas.

Moradores dizem sofrer "excessos da tropa" e acusam militares de estar circulando de madrugada com tocas ninjas escondendo o rosto e sem identificação na farda.

Edimar Ferreira Júnior, 22 anos, disse à reportagem ter sido agredido com tapas na cara e empurrões por volta de 2h50 de segunda-feira (7), quando voltava do trabalho. Afirmou que sofreu um corte nos lábios e escoriações no rosto.

"Em momento nenhum pediram o meu documento de identidade. Mandaram eu jogar o carro numa área escura e iniciaram a revista. Me mandaram abrir as pernas e perguntaram se eu tinha droga. Falei que não, mas não adiantou. Voltaram a perguntar com tapas na cara e beliscões na minha costela", contou Júnior, que trabalha há pelo menos dois anos em uma pizzaria da comunidade.

Júnior relata que um capitão identificado como Panfilho comandava a equipe. "Eram mais de 20, mas só o capitão e dois soldados me agrediram. Eu gritava: 'Cara eu sou trabalhador, sou homem de família'. Mas não adiantava. Me senti um brasileiro humilhado. Senti que a minha identidade não serve para nada, nem o meu contracheque."

Ele contou que três vizinhos e sua mãe assistiram tudo. "Até minha mãe foi agredida verbalmente. Ela só pedia para eles pararem", disse.

Depois, segundo Júnior, os militares o procuraram para pedir desculpas.

Mesmo assim, ele deve se reunir com o vice-presidente da associação de moradores do Parque União, Carlos Alberto Pereira da Silva, e com o comandante da Força de Pacificação para denunciar o caso.

O porta-voz do Exército, major Alberto Horita, afirmou que até nesta quinta (10) à noite não havia chegado nenhuma denúncia de "excesso" de militares na Maré.

"A tropa está preparada para empregar a proporcionalidade do uso da força", disse.

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