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Moradores de Santa Teresa e parentes do motorneiro Nelson Correa da Silva fizeram uma manifestação, na manhã desta quinta-feira, no Centro do Rio, pedindo a exoneração do secretário estadual de Transportes Júlio Lopes e o bloqueio da privatização dos bondes. Em meio a gritos de guerra improvisados como o "O bondinho é do povo, não à privatização", "Nelson é nosso herói" e "Fora Júlio Lopes", os manifestantes usaram roupas pretas e carregaram cartazes. A família do motorneiro estendeu uma grande faixa agradecendo aos amigos pela solidariedade.

O deputado estadual Marcelo Freixo (Psol) discursou para os manifestantes e chamou o secretário estadual de Transportes, Júlio Lopes de bandido e vagabundo. Freixo convocou ainda as cerca de 200 pessoas presentes para participar de uma audiência pública na Alerj no próximo dia 15 para discutir a situação dos bondes. Os manifestantes pediram, com gritos de guerra, a prisão do secretário.

"No dia 15, haverá audiência pública e, de preferência, será com um novo secretário e não com esse bandido", afirmou Freixo, que, no discurso, exigiu a imediata exoneração do secretário e repudiou o fato de Lopes ter culpado o motorneiro Nelson Correa, morto no acidente. "A coragem do Nelson é proporcional à covardia do secretário", emendou o deputado.

Já o deputado federal Alessandro Molon (PT) defendeu, ao discursar, que o estado cumpra o que foi determinado pela Justiça, como a reforma dos bondes e das estações de Santa Teresa: "Não precisa de nenhum herói, nenhum grande interventor ou mago. Só que o estado garanta que a oficina de bondes possa fazer uma manutenção adequada", concluiu Molon.

Batida em ônibus antes do acidente

Na segunda-feira, o secretário Júlio Lopes, afirmara que o bonde que se acidentou no último sábado deveria ter ido para a oficina antes de ter ocorrido a tragédia. Segundo Lopes, o veículo havia batido num ônibus na mesma tarde em que descarrilou. A composição foi levada para a estação da Carioca e lá foi decidido que ela seria recolhida para reparos. Ainda de acordo com o secretário, o motorneiro registrou a ocorrência da batida com o coletivo e pegou o bonde para levar até a oficina, mas não teria dado entrada no local.

"Não estamos aqui responsabilizando ninguém. Estamos nos atendo a relatar os fatos registrados nos livros da empresa que administra os bondes. Não foi dada a entrada do bonde na oficina. O que aconteceu depois disso precisa ser apurado", afirmara Lopes aos jornalistas.

Motorneiro pode dar nome à estação na Carioca

Os deputados Clarissa Garotinho (PR) e Freixo apresentaram um projeto de lei à Alerj solicitando a mudança do nome da estação no Largo da Carioca para Motorneiro Nelson Correa da Silva. Na justificativa do projeto, os dois alegam que ele tentou salvar vidas.

Cabral admitiu sucateamento dos bondes

Nesta quarta-feira, o governador Sérgio Cabral falou pela primeira vez sobre o acidente. Cabral admitiu que os bondinhos estão sucateados e que houve má gestão. Perguntado então, por três vezes, se demitiria o secretário de Transportes, Cabral se calou. O secretário, por sua vez, alegou que não houve investimentos suficientes nos últimos anos.Cabral, no entanto, garantiu que não houve falta de recursos. Segundo o governador, foram aplicados R$ 14 milhões na recuperação de bondes e trilhos. Ele admitiu ainda que não há controle da entrada de passageiros: "A verdade é que a frota dos bondinhos é sucateada. Parece-me que era um problema de gerência", disse o governador.

Cabral afirmou ainda que é preciso aguardar o resultado da perícia para avaliar as razões do acidente.

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