Alguns moradores da Vila Torres, em Curitiba, parecem insatisfeitos com a ocupação da polícia feita nesta sexta-feira (31). A região é considerada uma das mais perigosas da capital e ponto freqüente de assaltos a motoristas. Os 70 policiais que permanecem por lá prenderam duas pessoas.
Dezenas de PMs e policiais civis ocuparam as ruas, abordaram e revistaram pessoas em busca de drogas e armas na Vila Torres, onde vivem 9 mil pessoas. Um homem foi detido por porte de maconha. Outro preso era foragido da Justiça. Até um helicóptero foi usado na operação.
Segundo o comando da Polícia Militar, a ocupação não tem data para terminar. Esta foi a primeira etapa de um projeto que a Secretaria da Segurança Pública (Sesp) pretende implantar na comunidade. "A idéia, em um primeiro momento, é ocupar com um módulo móvel que vai ter mobilidade para atuar dentro da vila e responder as demandas da polícia. Na seqüencia, vamos estabelecer uma base fixa", disse o secretario da Segurança, Luiz Fernando Delazari.
A polícia quer acabar com os pontos de vendas de drogas e diminuir o número de assaltos a motoristas na região. Os representantes da comunidade disseram que querem segurança, mas consideram operações como a desta sexta um exagero. "Ela [a comunidade] precisa de segurança, mas de um tipo de segurança no dia-a-dia, de ir para escola, de ir para a unidade de saúde, no ir e vir. Não precisaria, na visão da comunidade, vir com todo o aparato para fechar a Vila Torres. Repercute até mau para a comunidade", declarou o líder comunitário Timóteo Campos ao Paraná TV 1ª Edição.
O morador João Batista da Silva reclama que a polícia teria agido mal no dia anterior a operação. "Seria mais eficiente se viessem sem alarde. Ficaram ontem [quinta-feira] passando com as viaturas aqui o dia todo", cogita Silva.
Um jovem de 23 anos, que prefere se manter no anonimato e mora na vila desde que nasceu, diz que a polícia se concentra na Rua Guabirotuba só para "agradar os riquinhos" a rua é a via usada por estudantes da PUCPR e dá acesso para a Avenida das Torres. Às 17h45, havia cinco carros da polícia na Guabirotuba. A reportagem não encontrou nenhuma viatura em outras cinco ruas da região nesse horário. "A polícia sabe bem que deve prender. Todo mundo sabe", protesta o jovem.
Proteção
A Polícia Militar diz que estava fazendo apenas o patrulhamento padrão no dia anterior. "Estamos aqui para dar proteção à população, prender eventuais líderes criminosos existentes ou, se algum líder deixou a região, para que não retorne mais", afirmou o comandante da Polícia Militar do Paraná, Anselmo de Oliveira.
O estudante do primeiro ano de Direito da PUCPR, Lucas Fachini, de 18 anos, afirma se sentir mais seguro com a presença dos policiais. "Nunca fui assaltado, mas já presenciei vários", conta Fachini. A sobrinha de uma moradora da Vila Torres concorda com o estudante. "Até deixei minhas crianças brincarem no parquinho", diz ela, que vive em São José dos Pinhais, mas que vem constantemente visitar a tia.



