Na última segunda-feira, foram completados 120 anos da morte do imperador dom Pedro II, o governante que ficou mais tempo à frente do Estado brasileiro em toda a história do país. O aniversário da morte do monarca foi lembrado no domingo passado em uma missa na Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro, no Rio de Janeiro, que tem ligação histórica com a família imperial brasileira desde o século 19.Segundo o historiador Bruno de Cerqueira, do Instituto Dona Isabel I, de preservação da memória ligada à família Orleans e Bragança, dom Pedro II foi figura central para a manutenção da unidade territorial brasileira.
Mesmo quando ainda era criança, dom Pedro II teria tido uma importância simbólica. De acordo com a Agência Brasil, Cerqueira explica que, sem a existência da figura do imperador, o Brasil teria se desintegrado em vários países, na década de 1830, período em que dom Pedro I deixou o Brasil e o país teve de ser governado por regentes.
Nos dez anos em que o Brasil ficou sob o governo de regentes, ocorreram inúmeras revoltas, como a Guerra dos Farrapos, que queria a independência do Rio Grande do Sul. Dom Pedro II foi coroado em 1841, com 15 anos de idade. Segundo Cerqueira, o monarca instaurou o parlamentarismo no Brasil em 1847, ao abdicar de parte das atribuições governamentais em favor de um presidente do Conselho de Ministros, uma espécie de primeiro-ministro.
Golpe
No período em que dom Pedro II era imperador também ocorreram a Guerra do Paraguai, que se arrastou de 1864 a 1870, e a abolição da escravatura no país, em 1888. Dom Pedro foi retirado do poder por um golpe militar liderado pelo marechal Deodoro da Fonseca, que instaurou a República em 15 de novembro de 1889.
"A família imperial não reagiu. Se tivesse reagido, como queria o conde dEu [genro do imperador e marido da princesa Isabel], teria havido um banho de sangue, uma guerra civil enorme no Rio de Janeiro. Para evitar essa guerra, a família decide se retirar do país. Aí, eles são banidos, na madrugada de 17 de novembro de 1889", explica.
Bastante debilitado pelo diabete, dom Pedro II morreu de pneumonia dois anos depois, em 5 de dezembro de 1891, no exílio, em Paris, na França. "Ocorreu uma coisa extremamente interessante, porque a França deu a ele honras de imperador. 120 mil pessoas assistiram ao funeral, mas a nossa República não permitiu que o embaixador do Brasil em Paris o assistisse", conta.
Seus restos mortais só voltariam ao Brasil em 1920, depois do fim oficial do banimento da família imperial. Desde então, os restos de dom Pedro II estão sepultados no Mausoléu Imperial, dentro da Catedral de Petrópolis, na região serrana fluminense.
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