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Motim em Cruzeiro do Oeste durou quase 18 horas. Vão ser necessários 15 dias para uma análise mais precisa dos danos | Walter Quevedo / Arquivo Pessoal
Motim em Cruzeiro do Oeste durou quase 18 horas. Vão ser necessários 15 dias para uma análise mais precisa dos danos| Foto: Walter Quevedo / Arquivo Pessoal

Vinte motins em um ano

A situação na PECOeleva para, pelo menos, vinte o número de motins no sistema carcerário do Paraná em pouco mais de um ano. Há menos de uma semana houve uma rebelião na cadeia pública de Guarapuava, no qual três agentes penitenciários foram feitos reféns. Eles só foram liberados depois do acerto da transferência de 74 detentos. Com isto, o Sindarspen calcula que já foram 27 agentes feitos reféns em um ano.

A análise dos estragos e dos motivos que levaram ao motim de 18 horas em Cruzeiro do Oeste, Noroeste do Paraná, nesta terça-feira (10), devem ser detalhados apenas daqui a 15 dias. As informações foram divulgadas nesta quinta-feira (11) pela Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Paraná (Seju), responsável por apurar os acontecimentos. O mesmo órgão disse que a Secretaria de Infratestrutura e Logística (Seil) deve apresentar um relatório dos estragos causados pela revolta, no mesmo prazo, e apontar o que precisará ser consertado.

A Seju informou que instaurou nesta quinta-feira (11) uma sindicância interna para apurar os motivos de os presos terem se rebelado na da Penitenciária Estadual de Cruzeiro do Oeste (Peco). A secretaria disse que já foi possível constatar que de 25% a 30% da estrutura no Bloco 1 foi danificada, e que de 15% a 20% do Bloco 3 tiveram avarias. Isto inclui os tetos dos respectivos pátios, construídos para abrigar presos e visitantes do sol e da chuva. Parte do encanamento nestas alas terá que ser refeito em função do fogo ateado em colchões durante o motim.

Participantes

Ao todo, 71 presos participaram da rebelião, cujo líder foi um detento conhecido como Goiás, que veio de Londrina e já passou por várias instituições do estado. Na análise da Seju, o motivo mais provável que levou ao protesto foi a transferência de 73 pessoas para outras penitenciárias do estado, uma vez os presos não costumam desistir da rebelião até serem atendidos, quando há outras motivações.

Segundo a secretaria, 43 transferências foram para Maringá. Antes com superávit, a Casa de Custódia ficou com um déficit de 20 vagas, segundo a Seju. Londrina recebeu 20 e ficou com 55 negativos; dez foram para Piraquara, que manteve superávit de nove vagas; e quatro para Foz do Iguaçu, que ainda com 144 lugares a menos que sua capacidade máxima. Todos os pedidos atendidos seguiram o critério de alocar os prisioneiros em cidades próximas às de suas famílias.

Cascavel

Entre os rebelados, houve a participação de alguns presos que foram transferidos da penitenciária de Cascavel, na revolta de agosto deste ano (2014). Isto não significa que estes indivíduos sejam organizados entre si. Segundo a secretaria, uma prova disso é que os onze condenados por estupro que ficaram como reféns eram deste grupo recém-chegado a Cruzeiro. Ainda ficaram sob o poder dos bandidos um agente penitenciário, e um ex-agente de cadeia pública, preso por corrupção em Campo Mourão.

Lotação

Com vinte motins em um ano no estado, o presidente do sindicato de agentes penitenciários (Sindarspen), Antony Johnson, considera que a realidade dos presídios paranaenses hoje é a de uma "bomba-relógio". "Isso [a revolta em Cruzeiro do Sul] aconteceu devido à falta de investimento no sistema nos últimos quatro anos, o que culminou com Cascavel", avalia o sindicalista, que aponta a superlotação e falta de funcionários como principais problemas do sistema.

Para dar conta da demanda, a Seju vai implantar, no próximo dia 22, 5 mil tornozeleiras elétricas para presos em regime semiaberto e provisórios. Além disso, o estado pretende criar 6.670 novas vagas ainda no primeiro semestre de 2015, com a conclusão de vinte obras já iniciadas.

Novas rebeliões

O Sindarspen diz temer por novas rebeliões, em especial nas cidades de Francisco Beltrão, Foz do Iguaçu e Cascavel. A própria Seju reconhece que quando há um motim todas as unidades do sistema entram em alerta. A secretaria diz possuir um serviço de inteligência que investiga possíveis revoltas de maneira permanente.

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