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Cascavel – As quatro ocupações que ocorreram nas últimas duas semanas no Paraná indicam que a calmaria no campo durante o primeiro semestre de 2005 ficou para trás. O coordenador estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), José Damasceno, afirma que as ações pacíficas vão continuar e têm o objetivo de acelerar a reforma agrária no Estado. O superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no Paraná, Celso Lisboa de Lacerda, já esperava que o "período de paz" fosse rompido nos próximos meses.

Todas as invasões recentes em Ortigueira, na Região Central, e em Luiziana, Nova Laranjeiras e Missal, no Oeste, foram coordenadas pelo MST. Lacerda disse que os conflitos agrários historicamente crescem entre julho a setembro, período que antecede o plantio da safra de verão. "Não tenho o sonho e nem a ingenuidade de que os conflitos agrários iriam parar no Paraná. Trata-se de um problema histórico e que não se encerra em quatro anos", afirmou Lacerda, referindo-se aos seis primeiros meses do ano, quando o número de ocupações de terra caiu 85% em relação ao mesmo período de 2004.

Ele disse que o Incra vai manter a sua postura de diálogo e franqueza com os movimentos sociais que lutam pela reforma agrária, mesmo que ocorra o recrudescimento dos conflitos. "Estamos fazendo aquilo que está dentro do nosso limite na área da reforma agrária", frisou. Apesar do discurso de conciliação, o Incra deve enfrentar maior resistência e cobrança dos sem-terra em relação à sua política agrária até o final do ano. A meta inicial de assentar 3 mil famílias já foi rediscutida pelo órgão federal. A nova projeção é assentar 1,5 mil famílias até dezembro.

Durante 2005, o Incra assentou cerca de 400 famílias de sem-terra no Paraná. De acordo com Lacerda, o instituto está dando prioridade, neste segundo semestre, à resolução dos conflitos agrários nas regiões Norte e Centro-Oeste do país. Para Damasceno, a redução da meta de famílias assentadas no Paraná é o reflexo da política agrária do governo federal, "que não trata a reforma agrária como prioridade".

Sem trégua

Sobre o aumento das ocupações, Damasceno afirmou que as atividades não representam o fim de uma suposta trégua com o governo Lula. "O que acontece é que a reforma agrária não avança, vão surgindo necessidades e o movimento precisa retomar os mecanismos de pressão, a exemplo do que sempre fez, que são as ocupações", explicou. Damasceno admitiu que a crise política também influenciou no crescimento do número de ocupações – já que a crise enfraquece o governo, o que poderá levar à redução dos investimentos na área social e, em conseqüência, na reforma agrária.

"A corrupção sempre existiu no país e até em maior escala do que no atual governo. A crise, orquestrada pela direita do país, só interessa às multinacionais, ao capital estrangeiro, aos poderosos. Eles enfraquecem o governo e com isso conseguem fazer o que querem com o país", comentou.

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