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Mudança para casas do PAC divide opiniões

Pedro Eredes da Silva (na janela) não quer deixar a casa da família para trás | Walter Alves / Gazeta do Povo
Pedro Eredes da Silva (na janela) não quer deixar a casa da família para trás (Foto: Walter Alves / Gazeta do Povo)

Enquanto 70 famílias desabrigadas esperam por um novo teto em Piraquara, os moradores a serem contemplados pelas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no Guarituba se dividem quando questionados se estão satisfeitos com a mudança para as novas casas, o que deve ocorrer em março de 2011, de acordo com a Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar). Atualmente, 600 casas, de um total de 803, estão sendo construídas. O terreno onde serão erguidas as residências restantes ainda não foi definido.

A dona de casa Antônia Aparecida Gomes, que mora há 18 anos em uma área considerada de risco, afirma que não vê problemas em sair do local, considerado por ela muito precário por não contar com iluminação nem asfalto. "A falta de luz facilita a vida dos bandidos. Tenho filhos e genro que trabalham à noite e, todo dia, na volta pra casa, passam correndo pela rua [que margeia um rio] por medo da violência", conta. Para Antônia, a mudança garantiria mais qualidade de vida à família, já que, por ser um local estudado e escolhido pelo governo, ela pressupõe que serviços essenciais não poderão faltar.

Já a diarista Marinalva Lopes, moradora do Guarituba há 13 anos, afirma que "está neutra" em relação à nova casa. Para ela, o importante é receber uma indenização do governo pelo dinheiro investido na residência em que vive hoje. "Todo mundo quer saber o que vai receber para sair daqui. Não acho justo virem aqui e demolirem minha casa, que eu construí e melhorei com esforço, ao longo de todo esse tempo, sem me indenizarem". Marinalva afirma que, apesar de se entristecer com a ideia de deixar tudo para trás, não hesitaria em se mudar caso as condições de vida no novo bairro fossem melhores. "Não posso dizer que ficaria para sempre aqui, pois meu plano era fazer umas melhorias, vender a casa e ir morar num lugar melhor, pois todo ser humano quer melhorar de vida. Agora, temos de ir para um lugar melhor mesmo, não pior".

O aposentado Pedro Eredes da Silva, há 24 anos morador do local, tem opinião diferente. Ele afirma que lutará inclusive na Justiça para permanecer onde está. "As casas para onde querem nos mandar são muito pequenas, não tenho como colocar minha família lá. Minha casa tem 130 metros quadrados, e querem nos colocar num local que tem uns 45. Investi dinheiro aqui, e não pretendo sair", diz o aposentado, que atualmente vive com mais cinco familiares.

O secretário de Meio Ambiente de Piraquara, Gilmar Clavisso, explica que a indenização só se aplicaria caso os moradores fossem os proprietários do terreno, sem cobrir as edificações, já que construir em área de preservação é crime.

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