A recomendação de seis grupos independentes de pesquisa americanos de que a mamografia comece a ser feita apenas a partir dos 50 anos não deve ser seguida no Brasil, diz o ginecologista e mastologista do Hospital das Clínicas, em São Paulo, Roberto Hegg.
O câncer de mama é o principal tipo de câncer entre as brasileiras. Em 2008, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), eram esperados 49.400 novos casos no Brasil. O número representa um risco estimado de 51 casos a cada 100 mil mulheres.
A população brasileira é diferente da americana e infelizmente ainda temos um número alto de casos de câncer de mama diagnosticados tardiamente"
A conclusão dos pesquisadores americanos deve ser examinada com cuidado, diz Hegg. De acordo com a recomendação, publicada na revista "Annals of Internal Medicine", os exames de mama bienais em mulheres entre 50 e 74 anos são tão vantajosos quanto os exames anuais a partir dos 40, sem suas desvantagens.
As desvantagens, dizem os grupos de pesquisas, seriam os altos índices de exames que apresentam o chamado "falso positivo", o que além de representar um estresse desnecessário para as pacientes tem impactos nos gastos dos sistemas de saúde.
Enquanto a recomendação americana é discutida por especialistas, a indicação da mamografia para as mulheres brasileiras continua a mesma.
Entre os 40 e 50 anos, a cada dois anos. E a partir dos 50 anos, a mamografia deve ser feita pelo menos uma vez por ano, explica o médico.
No caso de mulheres com histórico familiar de casos de câncer de mama, a recomendação de Hegg é que estejam mais atentas e realizem com frequência o auto-exame das mamas.
Para mulheres com menos de 35 anos nesta condição, o exame mais indicado é o ultrassom da mama. "Antes dos 30 ou 35 anos, a mama da mulher é mais densa, por isso a mamografia não tem tanta efetividade", diz Hegg.