
O número de multas de trânsito aplicadas em Curitiba e no Paraná em 2010 teve um aumento de 33% e 35% respectivamente em relação ao ano anterior. O total de infrações no estado passou de 1,5 milhão para 2,1 milhões e de 637 mil para 847 mil na capital. Para o Detran, houve um acréscimo de R$ 6 milhões na arrecadação, que chegou a R$ 50,8 milhões. Já para a Urbs, que administra o sistema na capital, houve queda de R$ 48 milhões para R$ 42,6 milhões. A explicação para o aumento do número de multas é a ampliação da fiscalização nos municípios. As infrações por excesso de velocidade flagradas por radares foram as que mais cresceram em todo o estado, com aumento de 50%. Cidades do interior passaram a investir no monitoramento eletrônico do trânsito e em Maringá, por exemplo, 80% das multas já são aplicadas por radares. Em Curitiba, o valor cresceu 30% e passou de 199,8 mil para 258 mil.
A transgressão mais comum no Paraná é transitar em velocidade superior à máxima permitida em até 20%. Em janeiro de 2010 quando o funcionamento dos radares da capital estava suspenso por ordem judicial , apenas 2.228 notificações foram emitidas. Já em dezembro, com 128 equipamentos em operação, 18 a mais que em 2009, 25 mil condutores foram autuados. No ano passado, em todo o estado foram 478 mil infrações por excesso de velocidade em até 20% do permitido. Na capital, a média mensal do total de multas subiu e chegou a quase 100 mil em dezembro, contra 35 mil em janeiro. Segundo a Urbs, outro fator que contribuiu para a queda na arrecadação foi que as infrações cometidas nos dois primeiros meses de 2010 foram menos graves e os valores cobrados dos motoristas foram menores.
Fiscalização
Na avaliação de representantes dos órgãos oficiais, o aumento do número de multas não significa que os motoristas estão cometendo mais infrações e sim que a fiscalização está mais eficiente. As maiores cidades do estado estão investindo cada vez mais na fiscalização eletrônica, capaz de detectar excesso de velocidade e avanço do sinal vermelho e sobre a faixa de pedestres. Ações que antes não eram detectáveis por agentes agora passam a ser monitoradas por sistemas com tecnologia que vigia o condutor 24 horas por dia. Para o diretor de infrações do Detran no Paraná, Gustavo Fatori, se os condutores cumprissem a legislação não teriam com o que se preocupar. "Curitiba poderia ter 500 radares e nenhuma multa se houvesse respeito", argumenta.
Segundo a Urbs, o que aumentou foi o número de infrações captadas pelos radares e agentes. No ano passado, por exemplo, foram instalados equipamentos capazes de detectar o avanço do sinal vermelho, o que pode ajudar a diminuir o número de colisões e atropelamentos.
Diretora de trânsito da Urbs, Rosângela Battistella argumenta que o fiscalizador não é o vilão. "O infrator não pode passar impune. E ele mesmo pode ser vítima amanhã." Ela afirma que Curitiba consegue manter um trânsito menos caótico que São Paulo e Rio de Janeiro porque consegue uma fiscalização eficaz. De acordo com ela, somente 12% dos condutores, em média, recebem infrações, um índice considerado baixo. "A maioria respeita a legislação."
A aplicação de penalidades é considerada educativa pelos órgãos fiscalizadores. Gustavo Fatori diz que as multas funcionam para os transgressores ocasionais. Já os que rotineiramente desrespeitam a legislação são punidos com a suspensão do direito de dirigir.
Dados
A capital representa quase 40% das infrações cometidas no estado, pois tem uma frota maior e mais fiscalização. Fatori diz que Curitiba tem fluxo mais intenso e que pessoas atrasadas tendem a cometer mais transgressões. Além disso, os curitibanos têm um batalhão específico da Polícia Militar para fiscalização, além de radares e agentes da Diretran. Já no interior, há municípios que contam somente com soldados comuns da PM, que dividem o trânsito com a tarefa do policiamento ostensivo.
Hoje, somente 31 cidades têm o trânsito municipalizado. As infrações cometidas em Curitiba e no restante do estado são semelhantes. Ocorre apenas uma diferença no ranking. Nesse quesito, questões culturais acabam interferindo. No interior, ainda é mais comum deixar de usar o cinto de segurança. Somente no ano passado, foram 119 mil infrações desse gênero.




