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Carro coberto pela lama, que começa a secar: cheia do rio devastou o município de Sengés | Henry Milleo/Gazeta do Povo
Carro coberto pela lama, que começa a secar: cheia do rio devastou o município de Sengés| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

Perto da capital, 800 sofrem com alagamentos

Na região metropolitana de Curitiba cerca de 800 pessoas foram atingidas pelas fortes chuvas do fim de semana. Algumas ficaram desalojadas ou desabrigadas e outras tiveram de deixar suas residências temporariamente. A preocupação das coordenadorias municipais de defesa civil é que ainda há previsão para mais chuva na RMC. Campo Magro foi uma das cidades mais afetadas. Cerca de 300 pessoas tiveram de ir para a casa de parentes e 80 foram para abrigos públicos. O coordenador do órgão no município, Itamar Luiz Raganham, afirma que no saldo de destruição também estão quatro pontes, dez casas e aproximadamente 42 km de estradas.

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Sengés - Os temporais dos últimos dias causaram estragos em 24 municípios do Paraná. Cinco pessoas morreram no município de Sengés e 27 mil pessoas foram afetadas na região Norte, nos Campos Gerais e na região metropolitana de Curitiba. As informações são da Defesa Civil paranaense.

Sengés, no Norte Pioneiro, o município mais drasticamente atingido pelos temporais, viveu ontem seu terceiro dia de isolamento. Cenário da morte de cinco pessoas, o município tem como única via de acesso uma sofrível estrada rural. A principal ligação, pela PR-151, só deverá ser restabelecida na sexta-feira. Todos os outros acessos foram bloqueados após a queda de dezenas de pontes.

Embora difícil, o caminho rapidamente se converteu em rota de fuga. A estrada rural, descoberta pelos moradores, ficou congestionada. Às 20 horas de ontem, vários veículos ficaram parados no acesso, de mão única, entre eles o da reportagem da Gazeta do Povo.

A enchente do Rio Jaguaricatu levou três metros de água e lama ao centro da cidade, invadindo residências e casas comerciais. A vila próxima do rio foi a que mais sofreu: lá ocorreram as cinco mortes. A última vítima confirmada foi José Cícero da Silva, cujo corpo foi achado na manhã de ontem. Uma sexta vítima, dada como desaparecida, foi encontrada em segurança na casa de parentes, segundo o tenente Daniel Loren­zetto, do Corpo de Bombeiros. "Agora estamos acompanhando a situação de alguns prédios no centro, onde as rachaduras estão aumentando. Vamos isolar a área e interditar os locais", indica Lorenzetto. Os desabrigados foram encaminhados para igrejas.

Reconstrução

No final da tarde, a vida começava aos poucos a voltar à sua normalidade. A maioria das empresas de telefonia já havia restabelecido o sinal, embora intermitente. A telefonia fixa não funciona na cidade. O abastecimento de água foi religado nas partes mais baixas, também de forma parcial. Não falta energia elétrica. Por onde se olhava havia pessoas trabalhando na limpeza das casas e móveis. Muitos carros foram soterrados pela lama, que seca lentamente.

Segundo o 3.º sargento Victor Onisko, da Polícia Militar, foram constatadas tentativas de saque. "Estamos aqui para dar essa segurança. No início houve muitas ameaças, mas agora está tudo mais tranquilo. Mas tudo aquilo que estava na rua foi levado", conta.

No entanto, o dono do restaurante Fofucho’s, Jonny Vngra, chorava ontem a perda de todo o estoque de comida, equipamentos e bens pessoais dele e da família. O res­­taurante e a casa dele fo­­ram sa­­queados na madrugada de domingo. "Já não bastasse a chuva, entraram pelos fundos e levaram tudo o que sobrou. Estamos dormindo e comendo na casa de parentes", lamenta ele, que perdeu também a única fonte de renda da família. O prédio também foi condenado.

A falta de água obrigou vários moradores a tomarem banho em bicas instaladas na entrada da área urbana. Municiada de xampu e sabonete, a família Dias tomava banho, de roupas, no final da tarde de ontem. "Nossa casa não foi atingida pela enchente, mas não temos água. Estamos nos virando do jeito que podemos, ficar sem tomar banho não dá", diz Valdirene Dias, que se lavava com a filha Karen – grávida de cinco meses –, o genro Diógenes e mais cinco amigos.

Colaboraram Maria Gizele da Silva, Vitor Geron e Gladson Angeli

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