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Boris Cunha transferiu o escritório de arquitetura para o São Francisco. “A rua é tranquila e podemos deixar as janelas abertas, dispensando o ar condicionado”, diz | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Boris Cunha transferiu o escritório de arquitetura para o São Francisco. “A rua é tranquila e podemos deixar as janelas abertas, dispensando o ar condicionado”, diz| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

2.º metro quadrado mais caro da cidade

Apesar da arquitetura do início da segunda metade do século passado ainda prevalecer no São Francisco, o bairro não para de crescer e já tem o segundo metro quadrado (m²) mais caro de Curitiba. De acordo com dados da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR), o preço médio do m² privativo de apartamentos residenciais novos no São Francisco passou de R$ 5,2 mil em 2011 para R$ 6,2 mil no ano passado – valor inferior apenas ao do valorizado Batel (R$ 7,6 mil em 2012).

Levando em consideração apenas unidades novas, o São Francisco também se destaca. Há cinco anos, o bairro teve 37 unidades residenciais liberadas para construção e 12 concluídas. Até outubro do ano passado, esses números já haviam ultrapassado a casa das 100 unidades.

Segundo Gustavo Selig, presidente da Ademi-PR, o crescimento é considerável. "Trata-se de um grande aumento, que ocorreu principalmente pela revitalização que tornou aquela área mais bonita".

Tranquilidade

"Ar de interior" conquista novos moradores

Moradora do Bigorrilho, a psicóloga Maria Marta Ferreira, 40 anos, decidiu mudar de ares e optou pelo São Francisco. Fã do "ar de interior" do bairro, ela comprou uma das unidades do edifico Victor Jamag, que deve ser entregue entre o final deste ano e o início do próximo.

"Gosto da familiaridade do São Francisco. Dessa história de você ter uma panificadora com mais de 50 anos perto da sua casa. Além, claro, das largas e arborizadas ruas", conta Maria Marta, que se diz fã de uma das principais atrações do bairro. "Vou passar a ir a pé para minha clínica, no bairro Mercês, e também para a feira do Largo [da Ordem] – que é um dos meus passeios prediletos."

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A despeito da recente polêmica em torno do barulho produzido por bares e da crescente movimentação de usuários de drogas, o bairro São Francisco, em Curitiba, atrai cada vez mais empresários e novos moradores. Quem opta pela região garante que o trânsito tranquilo e o charme de suas casas ainda superam eventuais dissabores com problemas comuns como pichação, ruas escuras e criminalidade.

No final do ano passado, o arquiteto Boris Madsen Cunha, por exemplo, transferiu a sede do seu escritório, o WWA Willer Arquitetos Associados, de uma sala em um prédio da Rua Visconde do Rio Branco, no coração do Centro, para uma casa na Rua Portugal, no São Francisco. Diz não ter se arrependido da mudança.

"O São Francisco está muito próximo a todas as regiões que precisamos e não tem os problemas de trânsito. Agora, meus clientes conseguem estacionar seus carros [na rua] e não temos mais custo com estacionamento. Além disso, a rua é tranquila e podemos deixar todas as janelas abertas, dispensando o ar condicionado", elogia Madsen, no seu novo escritório ambientado em um casarão de 1940, projetado pelo alemão Frederico Kirchgassner.

O arquiteto, porém, faz uma ressalva em relação às constantes pichações e à recente polêmica que envolve o bairro. "Temos um problema com pichações, mas que não é restrito ao bairro. Além disso, o Torto [bar] é um pouco barulhento, mas acredito que eles tenham levado sozinhos a culpa porque não é só eles [que são barulhentos]."

Já a atriz Ana Rosa Tezza, 44 anos, sócio-proprietária do Teatro Ave Lola, na Rua Portugal, vê como positiva a presença de bares como o Torto. "É um lugar absolutamente pacífico, com pessoas que estão ali para discutir ideias. Toda cidade culturalmente ativa e rica tem esses espaços. Acho saudável que Curitiba tenha espaços ao ar livre e se ocupe de pessoas que troquem ideias", diz ela, que mora no Alto da XV e trabalha no São Francisco há dois anos.

Apesar de elogiar a tranquilidade do bairro, a atriz faz ressalvas quanto à segurança na região. "Estamos em uma rua bem calma e também gostamos muito de estar em um bairro mais antigo, sem esses prédios modernosos. Mas acredito que as ruas poderiam ser mais bem iluminadas", opina.

Economia criativa

Segundo Valderes Bello, consultora do Sebrae, o São Francisco deve atrair ainda mais negócios nos próximos anos. "A percepção que temos é que o São Francisco tem inclinação para as áreas da economia criativa, seja por meio da moda, gastronomia ou arte. Além disso, futuramente, será instalado o cinema da Rua Riachuelo [no antigo quartel da cidade, no centro histórico], o que também acabará atraindo mais investidores para a região", argumenta.

Uso de drogas à luz do dia gera poucas queixas

Apesar da constante movi­­mentação de usuários de dro­­gas em algumas ruas do São Francisco, como na De­­sembargador Clotário Portugal, onde o uso de entorpecentes é diário, o São Francisco concentra apenas 0,8% do total de denúncias anô­nimas recebidas pelo serviço Narcodenúncia 181, da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp).

De acordo com dados levantados pela Polícia Militar no serviço, que atende 24 horas por dia e recebe denúncias de todas as cidades paranaenses, foram feitas 2.226 denúncias na região de Curitiba no primeiro trimestre deste ano – 18 delas referentes ao uso e venda de entorpecentes no São Francisco. Já em todo o ano passado, foram 8.832 denúncias na capital – 50 delas no tradicional bairro boêmio.

O São Francisco também apresenta dados estatísticos baixos quando o assunto é roubo e furto de carros. Nos dois últimos anos foram registradas 122 ocorrências dessa natureza no bairro. Nesse mesmo período, o bairro Água Verde teve 1.272 veículos levados por assaltantes.

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