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"Não depende só da Polícia", diz delegado

"Os estudos de políticas criminais perguntam só uma coisa: ‘o que fazer para diminuir a criminalidade?’ É um conjunto de fatores que não depende só da polícia", avalia o delegado de Homicídios, Hernandez César Alves. Como fatores primários para a prevenção ele menciona garantias constitucionais como saúde, educação e ainda políticas de emprego e habitação. As condições de trabalho da polícia estão em segundo lugar na lista de prioridades, seguida pela execução das penas.

A imprensa entra nessa cadeia como difusora das informações acerca dos crimes, em especial, programas de televisão especializados no universo policial. Em seu computador pessoal, o delegado Hernandez César Alves mantém uma listagem dos repórteres que o procuram e a que veículos pertencem. Em julho, por exemplo, ele concedeu 40 entrevistas.

Do dia 1º de janeiro até esta segunda-feira (15), foram registrados em Londrina, no Norte do Paraná, 87 homicídios, 4 a mais que em todo o ano passado. Isso significa que o ano de 2008 será marcado por uma reversão na tendência de queda deste tipo de crime que vinha sendo observada desde 2003. O último corpo foi encontrado na madrugada de domingo, dentro do porta-malas de um Corsa (AFO-3504) que foi incendiado no Distrito Espírito Santo (zona sul). Desde janeiro, também foram registrados seis latrocínios – roubo seguido de morte - que não entram na estatística de homicídios.

"Foi um ano atípico [2007] porque tivemos uma queda muito brusca. O homicídio é um crime peculiar, não há como evitar. É um problema social que envolve a sociedade como um todo, e que está relacionado ao mundo do crime", afirmou o delegado Hernandez César Alves, que está à frente do Setor de Homicídios desde março deste ano.

Segundo levantamento feito pelo JL, quase metade das pessoas assassinadas, 43 vítimas, tinha menos de 30 anos de idade. Do total de assassinados, apenas quatro são do sexo feminino, mulheres de 42 e 21 anos, uma menina de 12 anos e um bebê de apenas 39 dias, morta pelo pai.

O delegado-chefe da 10ª SDP, Sérgio Barroso, aponta o tráfico de drogas como a principal motivação para os homicídios. "Houve um aumento na repressão do tráfico de drogas. Um crescimento de cerca de 30% relativo a apreensões e prisões. Numa análise não-científica, é possível relacionar o maior combate ao tráfico ao aumento nos homicídios. O traficante pode entender que houve uma delação e parte para o acerto de contas", disse Barroso. Entre janeiro e agosto de 2007, foram presas 148 pessoas envolvidas com o tráfico. Neste ano foram 228 prisões – aumento de 54%.

Apesar do aumento de homicídios, um ponto positivo destacado pelo delegado Hernandez Alves é o índice de solução de crimes, considerado alto. Dos 87 homicídios deste ano, 52 casos foram solucionados – o que corresponde a 59,7% do total: 13 homicidas foram presos em flagrante.

Do ponto de vista da competência da Polícia Civil, o crime é solucionado quando se apura a materialidade da autoria, ou seja, quando há provas concretas de que determinada pessoa é o autor. "Pela solução dos crimes, o homicídio tende a diminuir. Solucionar é uma maneira de dar a resposta à sociedade e é uma maneira de prevenção", avaliou o delegado.

Após provada a materialidade, o autor do homicídio é indiciado pela Polícia Civil e o inquérito segue para 1ª Vara Criminal, que trata de crimes contra a vida. Fica a critério do promotor de Justiça denunciar ou não o indiciado. Caso a denúncia seja feita e aceita pelo juiz, o indiciado se torna réu e o homicídio será julgado pelo Tribunal do Júri.

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