
Londrina e Laranjal - Não são apenas 330 quilômetros que separam Londrina, no Norte do estado, de Laranjal, no Centro-Sul. Entre os dois municípios há um verdadeiro abismo em relação ao desenvolvimento, de acordo com o novo Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM) 2006. Enquanto Londrina lidera o ranking das cidades paranaenses e está na 51.ª posição na listagem nacional, com índice de 0,8634; Laranjal está em última colocação no estado e na posição 4.463 do país, com um índice Firjan de 0,4936, considerado regular.
Com uma geografia acidentada, as dificuldades de Laranjal começam nos acessos. Quem tenta chegar pelo município de Altamira do Paraná enfrenta 34 quilômetros de uma estrada de terra em péssimas condições. Na viagem por Palmital, o motorista encontra uma pista sem acostamento, estreita e ladeada de precipícios, com curva de nível elevada e milhares de buracos no pouco do que sobrou de asfalto. "A situação da rodovia dá medo. Se andar a mais de 60 quilômetros por hora, vai parar no precipício", alerta o frentista Mauro Novake.
No perímetro urbano, a situação não muda muito. A cidade não tem um centímetro de asfalto. "Isso é resultado da administração negligente dos ex-prefeitos. A realidade atual explica tudo, a cidade está sucateada", comenta o prefeito, João Elinton Dutra (PR), que está no cargo há oito meses. "Mudar a realidade do município será um grande desafio."
A falta de indústrias obriga as famílias a buscar o trabalho informal na pecuária, nas pequenas lavouras de milho e soja e no comércio. "Indústria em Laranjal é ilusão. A localização não ajuda, o terreno é muito acidentado. Temos de aproveitar o potencial da agricultura familiar, carro-chefe do município", lembra Dutra.
Enquanto a realidade não muda, os jovens só pensam em sair da cidade. A estudante Maria Ângela Mendes, de 15 anos, pretende deixar Laranjal para estudar em São Paulo. "Ninguém tem futuro em Laranjal. A cidade não oferece nem mesmo oportunidade para trabalhar como doméstica."
Contraste
Em Londrina, o cenário é outro. A psicopedagoga Enedir Sanches Sella, 46 anos, não abre mão de viver na cidade em que nasceu. O município oferece boas condições de moradia, educação e saúde, com bons médicos e hospitais. "Eu vi a cidade crescer."
A cidade é a mais desenvolvida no estado, segundo o índice Firjan 2006. O secretário municipal de Saúde, Agajan Der Bedrossian, destaca os avanços na área de saúde. A Campanha de Vacinação contra poliomielite teve índice de 102,4% de cobertura, incluindo crianças de Londrina e de municípios próximos.
Bedrossian aponta o que ainda é necessário para melhorar. A falta de leitos hospitalares é o maior problema. "A gente precisa melhorar a oferta de leitos hospitalares, já que o número sequer acompanhou o aumento da população."



