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Negócios

O desafio de unir empreendedorismo e sustentabilidade

Apesar da presença ainda tímida no mercado, cada vez mais micros e pequenos empresários estão focando seus negócios nas questões ambientais e sustentáveis

Na empresa Nova Atitude, a fabricação de vassouras se tornou sinônimo de reciclagem e oportunidade de renda para grupos geralmente excluídos do mercado de trabalho | Walter Fernandes
Na empresa Nova Atitude, a fabricação de vassouras se tornou sinônimo de reciclagem e oportunidade de renda para grupos geralmente excluídos do mercado de trabalho (Foto: Walter Fernandes)
EcoBike Courier atende mais de cem clientes |

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EcoBike Courier atende mais de cem clientes

Apesar de ser algo cada vez mais discutido e divulgado pela mídia, o conceito de negócio sustentável ainda não é comum para muitos micro e pequenos empresários. Pesquisa feita pelo Sebrae, por conta da Rio + 20, mostrou que 58% dos entrevistados afirmam não ter conhecimento sobre os temas "sustentabilidade" e "meio ambiente". Mesmo com esse cenário, cada vez mais empreendedores têm apostado no uso racional dos recursos naturais como oportunidade de negócio.

Um destes exemplos vem da empresa Nova Atitude, de Maringá. Lá, a fabricação de vassouras se tornou sinônimo de reciclagem e oportunidade de renda para grupos geralmente excluídos do mercado de trabalho. A ideia surgiu em 2005, quando o casal Jacira e Áureo dos Santos deixou o serviço na Universidade Estadual de Maringá (UEM) para morar em Barreiras (BA). Ao perceber que muitas garrafas de refrigerante eram lançadas nos rios da cidade, seo Áureo decidiu desenvolver um equipamento capaz de reciclar os pets.

Após seis meses de estudo ele criou uma máquina que transformava as garrafas em fios, que entrelaçados formavam uma corda de varal. "O aparelho foi aprimorado e logo surgiu a ideia de reaproveitar esses fios na produção de vassouras", relembra Jacira, que retornou ao Paraná para onde transferiu o negócio. Seo Áureo morreu em 2010, mas sua mulher manteve o desafio de tocar a empresa, que hoje recicla cerca de 300 mil garrafas por ano. Cada vassoura é criada a partir de 13 pets em média e tem uma durabilidade de até quatro anos.

Além de ecologicamente correta, a proposta também tem um lado social. As máquinas de reciclagem foram cedidas para entidades ligadas ao atendimento de pessoas com deficiência, soropositivos e dependentes químicos da região Noroeste. Nestes locais, os detentos e pacientes trabalham na reciclagem das garrafas. O material é encaminhado para Maringá, onde os tufos são amarrados por 17 famílias de aposentados. Logo após, a empresa faz a montagem das vassouras.

"É uma atividade de inclusão produtiva, promovendo a auto-estima e geração de renda. O valor arrecadado por estes trabalhadores é passado para seus familiares. Além disso, no caso dos presidiários, eles têm um dia descontado de sua pena para cada três dias trabalhados", explicou Jacira.

Entregas feitas a pedaladas

Outro conceito de negócio sustentável que está crescendo nas grandes cidades foi algo comum nos pequenos municípios há alguns anos. Trata-se dos bike couriers ou bikeboys, a "versão verde" dos motoboys.

Cada vez mais empresas estão utilizando o serviço de entrega feito por ciclistas em São Paulo (SP), Sorocaba (SP), Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Aracaju (SE) e Curitiba (PR).

Na capital paranaense, o serviço é feito há cerca de um ano pelo EcoBike Courier, que atende mais de cem clientes, como shoppings, agências, escritórios e clínicas. Um dos sócios da empresa, Cristian Trentin, teve ideia de criar o negócio após descobrir o serviço de entrega com bicicletas em Nova York.

"Quando abri a empresa, pensava somente na questão do investimento, mas ela se tornou algo de importância ambiental. Curitiba é a capital ecológica do Brasil e os empresários abraçaram esta ideia", explicou Trentin, que atualmente conta com duas sedes (uma na região central e outra no bairro Água Verde) e uma equipe formada por 13 colaboradores, que atendem 43 bairros, ou seja, quase 80% da cidade.

Entre as vantagens oferecidas pelas bicicletas, é que elas têm um custo menor de manutenção e não poluem, diferentemente das motos. De acordo com relatório divulgado em 2009 pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), as motocicletas emitem até quatro vezes mais poluentes que os automóveis.

Outro ponto positivo é a agilidade no trânsito. Segundo Trentin, em distâncias curtas e em determinados horários, os bikeboys chegam a fazer as entregas de forma até mais rápida que os motoboys, pois acabam evitando os engarrafamentos e não têm problemas com estacionamento.

"Os ciclistas passam por um treinamento interno na empresa. Eles trabalham devidamente uniformizados e equipados, respeitando o código de trânsito", explicou o empresário, que espera aumentar o time para 20 entregadores, implantar mais cinco bases na capital, além de criar um sistema de microfranquias até o final deste ano.

Maringá terá entrega feita por bikes

A ideia de driblar os engarrafamentos e não poluir o meio ambiente também ganha força no interior do Paraná. Em Maringá, o serviço dos bikeboys deve começar no mês que vem. Segundo o empreendedor Paulo Araújo, antes mesmo de começar o trabalho, já existem clientes interessados no projeto do Maringá Log.

A princípio, a empresa contará com máximo de seis entregadores, número que pode ser ampliado dependendo da aceitação do mercado. "Existem empresas de entregas que usam bicicletas, mas não com essa bandeira da sustentabilidade. Como Maringá geograficamente beneficia o uso das bikes, teremos condições de atender quase 90% da cidade com um custo até 30% mais em conta que o serviço de motoboys", explicou Araújo.

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