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Na empresa Nova Atitude, a fabricação de vassouras se tornou sinônimo de reciclagem e oportunidade de renda para grupos geralmente excluídos do mercado de trabalho | Walter Fernandes
Na empresa Nova Atitude, a fabricação de vassouras se tornou sinônimo de reciclagem e oportunidade de renda para grupos geralmente excluídos do mercado de trabalho| Foto: Walter Fernandes

Sebrae busca disseminar a prática sustentável

Este ano, o Centro Sebrae de Sustentabilidade está focando as ações na sensibilização dos empreendedores com relação à gestão de resíduos e à eficiência energética. As ações tomaram como base a sondagem divulgada pelo órgão em maio deste ano, que ouviu mais de 3 mil empresários.

Apesar de 58% dos entrevistados afirmarem não ter conhecimento sobre sustentabilidade, 72% deles dizem entender que os micros e pequenos negócios devem atribuir alta importância à questão do meio ambiente. Além disso, 79% acham que as empresas que adotam ações de preservação ambiental podem atrair mais clientes.

Segundo a consultora do Sebrae Erica Sanches, a competitividade de uma empresa está cada vez mais associada à adoção de práticas sustentáveis e que este tema começa a ganhar mais espaço nas discussões de mercado.

"Esse tipo de prática está sendo mais disseminado, mas ainda é incipiente entre as pequenas empresas. Muitos já realizam ações sustentáveis como a coleta seletiva e o controle do consumo de energia, água e papel; mas o número de projetos inovadores com maior impacto ainda é baixo. Existe a necessidade de esclarecer melhor esse público", explicou Érica, que é responsável pela área sustentável da Feira do Empreendedor.

Desafio

Se hoje ainda existe uma certa dificuldade para que empresas e clientes assimilem o termo sustentabilidade, imagine como foi criar um negócio pautado na consciência ecológica há quase dez anos. É o que conta a empresária Celestina Crocetta, que, em 2003, inaugurou em Maringá a Eco Atitude, empresa que comercializa vários itens criados a partir do processo de reciclagem, como blocos, cadernos, sacolas, mochilas e pastas.

Segundo ela, muitas pessoas enxergavam o produto reciclado como algo de qualidade inferior. "A princípio, criamos uma loja de varejo, mas não havia público aberto para este conceito sustentável. Então, mudamos o foco para o público corporativo, ou seja, empresas que desejam demonstrar aos seus clientes a sua postura e compromisso ambiental."

Hoje a Eco Atitude tem 12 funcionários e uma linha de produtos que conta com mais de 30 itens criados a partir da reciclagem de garrafas pet e papeis. Para Celestina, o cenário tem mudado com a conscientização ambiental de cada vez mais pessoas, principalmente nos últimos dois anos.

"Além de ser uma oportunidade de negócio, criei a empresa porque acredito que esteja fazendo minha parte para reduzir o impacto ambiental no planeta. Espero que esse tipo de atividade seja cada vez mais divulgado e que o setor receba mais incentivos governamentais", declarou.

  • EcoBike Courier atende mais de cem clientes

Apesar de ser algo cada vez mais discutido e divulgado pela mídia, o conceito de negócio sustentável ainda não é comum para muitos micro e pequenos empresários. Pesquisa feita pelo Sebrae, por conta da Rio + 20, mostrou que 58% dos entrevistados afirmam não ter conhecimento sobre os temas "sustentabilidade" e "meio ambiente". Mesmo com esse cenário, cada vez mais empreendedores têm apostado no uso racional dos recursos naturais como oportunidade de negócio.

Um destes exemplos vem da empresa Nova Atitude, de Maringá. Lá, a fabricação de vassouras se tornou sinônimo de reciclagem e oportunidade de renda para grupos geralmente excluídos do mercado de trabalho. A ideia surgiu em 2005, quando o casal Jacira e Áureo dos Santos deixou o serviço na Universidade Estadual de Maringá (UEM) para morar em Barreiras (BA). Ao perceber que muitas garrafas de refrigerante eram lançadas nos rios da cidade, seo Áureo decidiu desenvolver um equipamento capaz de reciclar os pets.

Após seis meses de estudo ele criou uma máquina que transformava as garrafas em fios, que entrelaçados formavam uma corda de varal. "O aparelho foi aprimorado e logo surgiu a ideia de reaproveitar esses fios na produção de vassouras", relembra Jacira, que retornou ao Paraná para onde transferiu o negócio. Seo Áureo morreu em 2010, mas sua mulher manteve o desafio de tocar a empresa, que hoje recicla cerca de 300 mil garrafas por ano. Cada vassoura é criada a partir de 13 pets em média e tem uma durabilidade de até quatro anos.

Além de ecologicamente correta, a proposta também tem um lado social. As máquinas de reciclagem foram cedidas para entidades ligadas ao atendimento de pessoas com deficiência, soropositivos e dependentes químicos da região Noroeste. Nestes locais, os detentos e pacientes trabalham na reciclagem das garrafas. O material é encaminhado para Maringá, onde os tufos são amarrados por 17 famílias de aposentados. Logo após, a empresa faz a montagem das vassouras.

"É uma atividade de inclusão produtiva, promovendo a auto-estima e geração de renda. O valor arrecadado por estes trabalhadores é passado para seus familiares. Além disso, no caso dos presidiários, eles têm um dia descontado de sua pena para cada três dias trabalhados", explicou Jacira.

Entregas feitas a pedaladas

Outro conceito de negócio sustentável que está crescendo nas grandes cidades foi algo comum nos pequenos municípios há alguns anos. Trata-se dos bike couriers ou bikeboys, a "versão verde" dos motoboys.

Cada vez mais empresas estão utilizando o serviço de entrega feito por ciclistas em São Paulo (SP), Sorocaba (SP), Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Aracaju (SE) e Curitiba (PR).

Na capital paranaense, o serviço é feito há cerca de um ano pelo EcoBike Courier, que atende mais de cem clientes, como shoppings, agências, escritórios e clínicas. Um dos sócios da empresa, Cristian Trentin, teve ideia de criar o negócio após descobrir o serviço de entrega com bicicletas em Nova York.

"Quando abri a empresa, pensava somente na questão do investimento, mas ela se tornou algo de importância ambiental. Curitiba é a capital ecológica do Brasil e os empresários abraçaram esta ideia", explicou Trentin, que atualmente conta com duas sedes (uma na região central e outra no bairro Água Verde) e uma equipe formada por 13 colaboradores, que atendem 43 bairros, ou seja, quase 80% da cidade.

Entre as vantagens oferecidas pelas bicicletas, é que elas têm um custo menor de manutenção e não poluem, diferentemente das motos. De acordo com relatório divulgado em 2009 pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), as motocicletas emitem até quatro vezes mais poluentes que os automóveis.

Outro ponto positivo é a agilidade no trânsito. Segundo Trentin, em distâncias curtas e em determinados horários, os bikeboys chegam a fazer as entregas de forma até mais rápida que os motoboys, pois acabam evitando os engarrafamentos e não têm problemas com estacionamento.

"Os ciclistas passam por um treinamento interno na empresa. Eles trabalham devidamente uniformizados e equipados, respeitando o código de trânsito", explicou o empresário, que espera aumentar o time para 20 entregadores, implantar mais cinco bases na capital, além de criar um sistema de microfranquias até o final deste ano.

Maringá terá entrega feita por bikes

A ideia de driblar os engarrafamentos e não poluir o meio ambiente também ganha força no interior do Paraná. Em Maringá, o serviço dos bikeboys deve começar no mês que vem. Segundo o empreendedor Paulo Araújo, antes mesmo de começar o trabalho, já existem clientes interessados no projeto do Maringá Log.

A princípio, a empresa contará com máximo de seis entregadores, número que pode ser ampliado dependendo da aceitação do mercado. "Existem empresas de entregas que usam bicicletas, mas não com essa bandeira da sustentabilidade. Como Maringá geograficamente beneficia o uso das bikes, teremos condições de atender quase 90% da cidade com um custo até 30% mais em conta que o serviço de motoboys", explicou Araújo.

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