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 | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Dia dos arquivos

Neste domingo será celebrado o Dia Internacional dos Arquivos. A data foi instituída pela Assembleia Geral do Conselho Internacional de Arquivos, realizada no Québec, no Canadá, em novembro de 2007. Foi escolhida essa data porque, em 9 de junho de 1948, a Unesco criou o Conselho. O objetivo da criação da data visa proporcionar condições para que se desenvolvam ações de promoção e divulgação da causa dos arquivos.

Matéria-prima

"Um arquivo é a matéria-prima para qualquer pesquisador". É assim que a historiadora e professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Joseli Mendonça define a importância da manutenção dos arquivos públicos. "É com esses documentos que o pesquisador pode reconstruir elementos da história."

Segundo ela, sem acervos – seja de museus, bibliotecas ou do próprio Arquivo Público – não existiria sequer uma pesquisa. "É fundamental. Nesses espaços é viável fazer inúmeras pesquisas de fatos da história a costumes de determinada época", afirma. Além de historiadores, os espaços atraem estudantes e pesquisadores de outras áreas, como Sociologia, Geografia, Jornalismo e Direito.

Serviço

Em Curitiba, parte da história do Paraná está armazenada em quatro espaços espalhados pela cidade:

Arquivo Público

Endereço Rua dos Funcionários, 1.796, Cabral. Telefone: (41) 3352-2299

Casa da Memória

Endereço: Rua São Francisco, 319, Largo da Ordem. Telefone: (41) 3321-3236

Museu Paranaense

Endereço: Rua Kellers, 289, Alto São Francisco. Telefone: (41) 3304-3300

Biblioteca Pública do Paraná

Endereço: Rua Cândido Lopes, 133. Centro. Telefone: (41) 3221-4900

  • Inventário de Baltazar Carrasco dos Reis, antigo bandeirante, é uma das relíquias do Arquivo Público do Paraná

Quando o bandeirante Baltazar Carrasco dos Reis morreu, poucos poderiam imaginar que o inventário dos bens de um dos fundadores de Curitiba estaria preservado quatro séculos depois. Pois o documento original de 1697 está cuidadosamente guardado em uma das incontáveis prateleiras do Arquivo Público do Paraná. E ele é só um dos 28 milhões de documentos que fazem parte da história do estado mantido no espaço.

São muitos mesmo: se fossem colocados em linha reta, os documentos formariam uma fila de mais de 4 mil metros. Mas um passeio de duas horas é capaz de esboçar uma trajetória histórica do Paraná. No período imperial do Brasil, podem ser observados e lidos documentos que davam a posse de escravos aos fazendeiros e até processos judiciais de escravos rebeldes que assassinaram seus senhores.

Do século 19, há o mais importante registro. Datado de 1853, está guardado no Arquivo Público o documento da criação da Província do Paraná. Até então, éramos uma das comarcas de São Paulo. A partir daív, o espaço abriga todos os documentos oficiais da então província. A papelada anterior refere-se à história das pessoas que habitaram e povoaram a região.

Inúmeros livros do final do século 19 e início do século 20 mostram a entrada dos imigrantes europeus em solo paranaense – com nome, sobrenome, local de origem e ocupação de cada um. Também há registros do aldeamento indígena no estado entre os anos 1853 e 1892.

Pulando para o século 20, as 47,5 mil fichas da Delegacia de Ordem Política e Social (Dops) estão arquivadas no espaço. "A maioria é de relatos de pessoas que, entre as décadas de 20 e 80, foram acusadas de participar de grupos políticos contrários ao governo", conta a historiadora do Arquivo, Solange Rocha. Estão arquivados ainda relatos históricos de documentos ligados ao nazismo. "Aqui é onde são guardados e geridos todos os documentos que fazem parte do estado", ressalta Solange. O material possui cópias e também é digitalizado.

Memória viva

Outro ponto que leva o visitante a um passeio por relíquias documentais é a Casa da Memória, também em Curitiba. Ali está o manuscrito que criou a atual capital do estado, em 1693. Mapas que mostram como era o estado e a cidade no século a partir de 1748 demonstram a evolução territorial sofrida no decorrer dos séculos.

Sem falar de jornais e revistas que começaram a circular no final do século 19. Há ainda manuscritos da Câmara Municipal de Curitiba, detalhando as sugestões dos moradores ao Poder Legislativo a partir de 1847. O arquivo também conta com projetos arquitetônicos de antigas residências e fotos de shows históricos registrados no Teatro Paiol nos anos 70.

Biblioteca Pública e Museu Paranaense

Dois outros espaços abrigam arquivos que levam o visitante a uma viagem pela história. Na Biblioteca Pública do Paraná, em Curitiba, o acervo é extenso. São 854 títulos de jornais e 2.349 de revistas arquivados na Divisão de Documentação Paranaense. Lá está o primeiro periódico a circular no estado em abril de 1854 – o 19 de Dezembro.

A chefe do setor, Josefina Palazzo Ayres, ainda ressalta que todo o material é microfilmado para garantir sua preservação. Na Biblioteca, há todas as edições de uma das mais importantes revistas que circulou por aqui: a Ilustração Paranaense (1927-1933). Livros de autores locais que tratam da história, cultura e geografia do estado também estão disponíveis nas prateleiras.

"Temos o primeiro Diário Oficial do Estado, de março de 1912. Antes eles usavam o jornal 19 de Dezembro para publicação oficial", ressalta Josefina.

No Museu Paranaense também é possível acompanhar a saga das publicações do estado, como jornais, revistas e almanaques. Há também mapas do Paraná desde 1876. Segundo a historiadora da instituição, Tatiana Takatuzi, existem objetos, como roupas e móveis do final do século 19 e início do século 20. "Também temos muitos documentos do século 18 que falam sobre a ocupação do Paraná. Além disso, temos um acervo de obras raras. Aos poucos estamos digitalizando o material", conta.

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