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Estou vivendo momentos em São Paulo que jamais imaginei passar na minha vida. Cada familiar que recebe a notícia de que seu parente teve o corpo reconhecido pelo IML paulista se emociona com uma "alegria" latente. As pessoas se abraçam, choram e se apóiam com os outros familiares numa "comemoração" impressionante.

Fiquei observando as pessoas que recebiam a notícia da identificação e encontrando seus parentes e amigos. Pude ver uma senhora recebendo a notícia do IML que seu parente havia sido identificado. Ela e os outros familiares se abraçaram choraram de saudade, felicidade, sei lá...

Vi pessoas se abraçando e chorando, saindo dali dispostas a colocar a vida e o tempo em dia.

Reparei também nas famílias dos que continuam esperando seus parentes queridos. Umas festejam com a "alegria" dos que já identificaram. Outros ficam atônitos, pois, afinal, o que estamos comemorando? Estes, mesmo estando longe dos seus há algum tempo, e sem saber se irão compartilhar deste mesmo momento uma vez que sabemos da dificuldade no reconhecimento dos corpos, se mostram solidários, mas o encontro é frio... Um abraço curto, um beijo pequeno, um carinho morno e foram embora.

Percebi, e achei estranho, pessoas que há uma semana atrás não se conheciam, se abraçam e compartilham de uma felicidade impressionante.

Vi pessoas que se encontraram pela primeira vez, e que não se conheciam.

Vi uma criança abraçando seu pai e pela forma que o pai se ajoelhou e olhou para a criança certamente tentava em sua mente ver como ela estava interpretando tudo isso e como ela crescerá e terá entendimento da vida daqui para frente. O parente querido que se foi, certamente não verá... A sua mulher o abraçou dolorido e foram embora... Os três partem unidos como se fosse um só.

Reparei nas pessoas abraçadas como que se quisessem se transformar em um só ser para não se separarem.

Vi namorados, maridos, esposas, filhos, pais e mães chorando...

Vi também despedidas rápidas, secas e frias.

Vi o quanto a separação é dolorida...

O quanto a partida nos entristece...

Vi um casal partindo junto, felizes por terem o privilégio de passar por este momento e encerrar mais um ciclo.

É uma explosão de sentimentos que afloram sem pudores onde você, atento, poderá aprender muito.

Sabe, não conhecia aquelas pessoas, não sei como eram suas vidas antes daquele acidente, o que interessava para mim é perceber que tudo "Começa" e "Termina" na "Identificação pelo IML" e a "Notícia para os Familiares". O que será que nos espera daqui para frente?

Luiz Fernando Moyses, administrador. Ele perdeu a esposa, Nadia Moyses, no acidente com o avião da TAM. O corpo dela foi identificado na sexta-feira.

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