Os mais de R$ 900 milhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) que estão sendo investidos em obras para melhorar a vida nas comunidades pobres do Rio de Janeiro não são suficientes para retirar essas regiões do isolamento com o resto da cidade. A conclusão é da socióloga Fernanda Carvalho, coordenadora do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), que realizou uma pesquisa sobre a percepção dos moradores das favelas sobre o PAC.
"Existe um consenso entre os moradores de que as obras são benéficas, mas não suficientes para integrar a favela à cidade. O maior obstáculo ainda é o preconceito e a discriminação, que impedem o morador de favela de ter as mesmas oportunidades que os de bairros classe média, como a zona sul", afirmou Fernanda.
Segundo ela, a favela é sempre associada como um lugar perigoso e de violência, o que prejudica a vida dos moradores, que muitas vezes são obrigados a mentir sobre o local de residência para conquistar uma vaga de emprego.
Para a coordenadora do Ibase instituto criado em 1981 pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho é preciso investimento em organizações e projetos que liguem esses dois mundos que pouco se comunicam.
"O PAC se propõe a integrar a favela à cidade do ponto de vista urbanístico, mas isso não é suficiente", disse a socióloga, que vai apresentar os resultados da pesquisa na próxima segunda-feira (16), às 9h, na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).
"Temos que estabelecer diálogos e construir alternativas. É necessário uma grande campanha de conscientização para facilitar a integração dos jovens das favelas e do asfalto", propôs.
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