Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
direitos humanos

Organização acusa 150 policiais por tortura em cinco estados

Human Rights Watch denuncia 64 casos de violações de direitos cometidos por agentes públicos, inclusive do Paraná

Policiais acusados de matar adolescente em favela do Rio | Frame/tevê
Policiais acusados de matar adolescente em favela do Rio (Foto: Frame/tevê)

Policiais de cinco estados, o Paraná entre eles, foram incluídos no relatório que a organização internacional Human Rights Watch (HRW) remeteu à Presidência da República e ao Congresso Nacional denunciando 64 casos de tortura e violação dos direitos humanos ocorridos no Brasil desde 2010. Além do Paraná, os casos examinados aconteceram também em São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia, com a participação de pelo menos 103 policiais militares, 24 policiais civis, 17 agentes penitenciários ou agentes do sistema socioeducativo e 10 agentes estatais não identificados.

A investigação concentrou-se nos casos com fortes indícios da prática de tortura ou tratamento cruel, desumano ou degradante. A análise incluiu boletins de ocorrência, exames de corpo de delito, depoimentos de testemunhas, laudos periciais e decisões judiciais. Das 64 denúncias, 40 se referem a tortura física e 24 tratamentos cruéis e desumanos. São espancamentos, ameaças, choques elétricos, sufocamento com sacos plásticos, queimaduras e violência sexual. Os casos ocorreram na rua, em residências, viaturas policiais, delegacias e unidades de detenção.

Para a HRW, a violação dos direitos humanos praticada por policiais é mais ampla do que os poucos casos tornados públicos fazem supor. De janeiro de 2012 a junho de 2014, a Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos recebeu, via Disque Denúncia, 5.431 relatos de tortura e tratamento cruel e desumano no país. Do total, 84% referiam-se a abusos cometidos em presídios, cadeias públicas e delegacias.

A maioria dos abusos documentados no Paraná, em São Paulo e na Bahia ocorreram nas primeiras 24 horas de custódia policial, com objetivo alegado de extrair informações ou confissões das vítimas, ou ainda castigá-las por supostos crimes. Por isso, a Human Rights Watch pede que o Congresso aprove em caráter de urgência um projeto de lei que determine que todo detido seja colocado à disposição de um juiz em no máximo 24 horas após a prisão.

No Paraná

Entre os casos destacados pelo HRW está o dos quatro jovens acusados pelo estupro e homicídio da adolescente Tayná, em junho de 2013. Eles relataram à Ordem dos Advogados do Brasil terem sido torturados em quatro delegacias diferentes até assumir a autoria do crime. O caso teve uma reviravolta quando, uma semana depois, peritos concluíram que o sêmen encontrado na vítima não correspondia com o DNA dos acusados. O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) denunciou 19 policiais e outros agentes pelo crime de tortura. O caso continua sendo investigado.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.