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Leandro com a foto do tio padre. Familiares falam de dedicação de Nílson às vítimas de drogadição | Priscila Forone/Gazeta do Povo
Leandro com a foto do tio padre. Familiares falam de dedicação de Nílson às vítimas de drogadição| Foto: Priscila Forone/Gazeta do Povo

Graças ao chip do celular, o corpo do padre diocesano Nílson Brasiliano José, 44 anos, foi encontrado ontem de manhã, em Araucária, na região metropolitana de Curitiba. A Polícia Civil já prendeu quatro suspeitos de agredir e matar a facadas o religioso para roubar dinheiro, uma televisão 29 polegadas e um veículo Fiat/Siena, do qual foi retirado o som.

O corpo foi achado amarrado, jogado num barranco, na BR-476 (Rodovia do Xisto), na localidade rural de Tietê. Ele era vigário da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, em Agudos do Sul, havia cinco meses, mas costumava ir a Araucária, onde tinha uma chácara.

O padre foi chamado às pressas a Araucária na quinta-feira passada, com a notícia de um assalto na chácara, o que acabou não se confirmando. Segundo a família, ele foi atraído para facilitar a ação dos bandidos. O seu desaparecimento só foi notado no sábado à noite, porque ele não apareceu para celebrar uma missa marcada para a noite, em Agudos do Sul.

A polícia chegou aos assassinos rastreando o celular de padre Nílson, cujo chip foi encontrado, caído no interior do veículo levado pelos assassinos. Possivelmente, o padre tirou o chip do telefone e o deixou ali para facilitar a sua localização. O carro foi achado próximo ao Centro de Araucária, no sábado à noite, com um dos suspeitos que contou o que havia acontecido com a vítima. Os outros foram presos em seguida.

Segundo a Polícia Civil, os quatro rapazes encontraram-se com o religioso na sexta-feira à tarde, no Centro de Araucária, e receberam convite para irem até uma chácara na periferia da cidade. Em seguida, o padre se tornou refém, sendo obrigado a passar a senha do banco.

A intenção dos latrocidas era retirar cerca de R$ 17 mil que ele tinha no banco, mas o plano não deu certo. Ele sacaram R$ 400 e o cartão bancário foi bloqueado. Segundo a polícia, o padre teria sido morto após o grupo voltar à chácara e roubar os outros objetos. Um dia antes, o sacerdote havia feito um saque de R$ 400, dinheiro que também foi levado pelos assassinos, segundo a polícia.

Mão amiga

A família do sacerdote Nílson Brasiliano informou que ele não media esforços para ajudar dependentes químicos. "Ele sabia que eram perigosos, usuários de drogas, mas sempre dizia que tinha de recuperá-los, nem que isto lhe custasse a própria vida", informou um parente do padre.

Segundo o sobrinho Leandro Emídio da Silva, 26 anos, o caseiro já havia alertado sobre roubos cometidos pelos suspeitos que costumavam freqüentar a chácara, mas ele não acreditou. "Então, ele mandou o caseiro embora, e eles o mataram", diz.

Emocionada, Maria Rosa Silva, 51 anos, vizinha de parentes do padre no bairro Novo Mundo, lembrou da mudança da família para a região. "Eles chegaram aqui há cerca de 18 anos. O padre Nilson era uma pessoa especial, ajudava muito a família."

O religioso tinha dez irmãos. Exerceu o sacerdócio nas cidades da Lapa, Rio Negro, Fazenda Rio Grande e Agudos do Sul.

"Trata-se de um crime bárbaro, e choca perceber que foi cometido por gente muito jovem", diz o delegado Rubens Recalcati, que comanda a investigação. Segundo a polícia, um dos acusados é suspeito de tráfico de drogas e outro já foi detido por receptação de veículo roubado.

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Serviço

O corpo do padre Nilson será velado em duas cidades. Hoje, o velório será realizado na Paróquia Nossa S. Conceição, em Agudos do Sul. E a partir das 10h, na São Gabriel, em Fazenda Rio Grande.

O local do sepultamento não foi informado.

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