A reciclagem de plástico do tipo politereftalato de etileno, o PET de que são feitas as garrafas de refrigerantes, água e outras bebidas , aumentou em 9,5% entre 2007 e o ano passado. A conclusão é do 5.° Censo da Reciclagem de PET no Brasil, realizado pela Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet), que será apresentado hoje em São Paulo. De acordo com o estudo, 253 mil toneladas do material, que não se degrada no ambiente, voltaram à linha de produção da indústria em vez de engrossar o volume de aterros e lixões. Em 2007, esse número ficou em 231 mil toneladas.
O resultado reforça a tendência histórica do PET. Desde 1994, quando foi feito o primeiro censo, a quantidade do plástico reciclado foi multiplicada por 20. Hoje, o PET é o segundo material de embalagem mais reciclado no país. Das novas embalagens, 55% são de material reprocessado. Mais que isso só o alumínio, que chega a 90%. "O alumínio tem uma taxa de coleta quase universal, enquanto o PET ainda chega aos lixões e rios com muito mais frequência do que gostaríamos", compara o presidente da Abipet, Auri Maçon. A reciclagem do PET traz grandes benefícios ao meio ambiente, gastando 87% menos energia e 86% menos água que a produção de uma garrafa nova.
O principal motivo para tamanho crescimento nos últimos 15 anos, quando a reciclagem do material se popularizou, é a diversidade do uso do PET, polímero desenvolvido na década de 1940, na esteira da revolução dos plásticos. "Devemos a situação atual a escolhas que o setor fez em meados dos anos 90, quando ainda não havia toda essa agitação em torno da sustentabilidade e a reciclagem era ínfima, restrita a papel e alumínio. As empresas sempre investiram para ampliar as possibilidades do plástico", diz Maçon.
No ano passado, a reciclagem do PET ainda teve um incentivo a mais. A Anvisa autorizou o reprocessamento do polímero para a confecção de embalagens para alimentos o único plástico liberado para esse fim. Para a doutora em Química Ana Flávia Locatelli, a mudança vem exigindo uma maior profissionalização do setor. "Hoje, em Curitiba, temos empresas com processos extremamente limpos. Mas ainda causam preocupação algumas linhas de produção improvisadas, de fundo de quintal", observa.