Psiquiatras ouvidos pela Gazeta do Povo avaliam que o Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack é uma boa iniciativa, mas que veio atrasada e não cobre todas as necessidades do país. "Qualquer mobilização que do governo é melhor do que não ter feito nada. Mas vejo com preocupação a regulamentação das comunidades terapêuticas, porque a maioria delas não tem um psiquiatra para fazer o diagnóstico do paciente", avalia o psiquiatra e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Dagoberto Hungria Requião. Ele diz, por exemplo, que um usuário de crack pode ser um esquizofrênico que usa a droga para aliviar algum sintoma da doença.
Para psiquiatra Ronaldo Laranjeira, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e PhD em dependência química, a Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) já deveria ter implantado ações de combate e tratamento ao crack. "Eles estão no mínimo 10 anos atrasados. Há 15 anos venho alertando sobre os riscos do crack com a minha experiência em São Paulo", afirma. Ele avalia que as ações do plano nacional serão insuficientes. "São ações bem-vindas, mas que não funcionam. É preciso ter uma ação mais contundente de tratamento, porque o crack mata. Pelo menos um terço dos usuários morre."
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