Londrina - Os números de infestação da dengue no Paraná, divulgados ontem pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), são alarmantes: 33 mil pessoas foram infectadas pelo Aedes aegypti e 15 morreram por causa da doença no ano passado. Os dados de 2011 ainda não foram tabulados, mas a secretaria já anunciou a criação de uma "sala de situação" para monitorar os 56 municípios que estão em alerta, com os piores indicativos da doença no estado.
Os trabalhos do plano de emergência da secretaria serão concentrados nas regiões das cidades que estão em situação mais grave: Foz do Iguaçu (Oeste), Maringá (Noroeste), Londrina (Norte) e Paranavaí (Noroeste). Os dados mostram um aumento no número de pessoas infectadas em quase todas as regiões. Em Londrina, por exemplo, os casos saltaram de 209, em 2009, para 3.376 no ano passado. Em Jacarezinho, que não registrou nenhum caso de dengue em 2009, 555 pessoas contraíram dengue em 2010. Já Foz do Iguaçu teve a maior elevação, saindo de 64 casos confirmados para 10.949.
Para o secretário estadual da Saúde, Michele Caputo Neto, esta é a pior situação já enfrentada desde o surgimento da doença no Paraná. "Não queremos mais repetir os dados de 2010. As 15 mortes por dengue registradas no último ano poderiam ter sido evitadas. O que temos sentido é que faltou planejamento e gestão", afirmou.
Segundo o superintendente de vigilância em saúde, Sezifredo Paz, os números refletem a falta de um trabalho contínuo de prevenção da doença. "Dengue se combate todos os dias, o ano inteiro, com estrutura forte. Quando isso não é feito, infelizmente temos que nos deparar com números como os do ano passado", afirmou.
Inverno quente
Pela primeira vez, desde que a dengue foi registrada no Paraná, o mosquito não interrompeu o seu ciclo de reprodução. Até 2009, o Aedes aegypti não se reproduzia durante o período do inverno. Mas o mosquito parece estar se adaptando ao clima e agora as infestações da doença podem atingir regiões onde antes a dengue não preocupava. Para o superintendente, o aumento no número de doentes tem relação direta com esse fato. "As pessoas acreditavam que no inverno o mosquito desaparecia, que não havia dengue. Por isso, diminuíam o cuidado na prevenção. Agora vem o resultado dessa falta de cuidado", diz.
Paz destacou algumas ações que serão tomadas para diminuir os casos de dengue no Paraná: "É preciso treinar e capacitar as equipes de saúde e endemias, para que se possa identificar e tratar a dengue da forma correta o mais rápido possível. Vamos trabalhar também com o bloqueio e prevenção da dengue, através do uso dos fumacês e dos nebulizadores, que os agentes usam para pulverizar veneno nos focos do mosquito".
Locais como ferros-velhos e cemitérios deverão ter atenção especial. "São lugares que ficam a céu aberto, onde a água da chuva fica empoçada, o que facilita o aparecimento de focos do mosquito", explica Paz. Ele revelou também a intenção da secretaria em ampliar a área de alcance do Levantamento do Índice de Infestação Rápida do Aedes aegypti (Lira), que mede o número de focos de dengue em cada cidade. Em Londrina, esse número foi de 0,5 em 2010. Ou seja, a cada 100 casas pesquisadas, 50 apresentavam focos da dengue. "Esse é um verdadeiro raio-X da dengue, e é feito em apenas 25 cidades. Nós vamos aumentar esse número para 65 municípios para traçarmos um panorama completo da dengue no Paraná", completou Paz.
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