
Autoridades indonésias informaram que oito condenados à morte por tráfico de drogas, entre eles o paranaense Rodrigo Gularte, serão transferidos para uma prisão numa ilha, onde serão executados, apesar dos apelos internacionais.
Eentre os condenados estão também os australianos Andrew Chan e Myuran Sukumaran, além de homens da Indonésia, França, Gana e Nigéria e de uma mulher filipina. Segundo o governo indonésio, todos já esgotaram as opções legais e serão levados de suas celas na ilha de Bali para a prisão insular de Nusa Kambangan, ainda nesta semana.
A data das execuções não foi anunciada. Os condenados serão executados por pelotões de fuzilamento e serão alvejados em pares.
Especialistas em direitos humanos expressaram suas preocupações em relatórios que indicam que o julgamento de alguns dos réus não atendeu padrões internacionais de imparcialidade.
Perfil: Rodrigo amava animais e cresceu com pranchas de surf em Caiobá
Por Mauri König
Rodrigo Gularte nasceu em Foz do Iguaçu (PR) em 31 de maio de 1972, no berço de uma família de classe média alta. O pai, o médico gaúcho Rubens Borges Gularte, hoje vive na pequena cidade de Imbuia, no Vale do Itajaí (SC), e evita falar sobre o filho. A mãe, Clarisse Muxfeldt, herdeira de uma família de produtores de soja, hoje se dedica a evitar a execução do filho na Indonésia, buscando as assinaturas exigidas pelo governo do país no laudo psiquiátrico que poderá mantê-lo vivo.
Era fã do pudim de laranja da mãe. Desde criança adorava a natureza, sabia de cor o nome das mais diversas árvores, amava cães e animais domésticos em geral. Ainda em Foz, teve um macaco chamado Chico. O amor pelos bichos perdurou. Na prisão da Indonésia, cuidava dos animais abandonados.
Aos 9 anos, se mudou com a família para Curitiba, onde adorava andar de skate na Praça da Ucrânia, no Bigorrilho. Estudou na Escola Nossa Senhora de Sion e no Positivo, onde, em geral, as notas eram "excelentes", segundo familiares.
Rodrigo passou parte da infância e da adolescência entre a casa de praia dos pais no litoral do Paraná e a fazenda da família no Paraguai. Preferia a Praia Brava, em Caiobá, onde aprendeu a surfar ainda pequeno. Nas férias, costumava madrugar para pegar as primeiras ondas do dia, lembra a prima Lisiane Gularte de Carvalho. "Ele cresceu em Caiobá com uma prancha na mão."
Ao completar a maioridade, provocou um acidente de trânsito em Curitiba quando estaria sob efeito de álcool. Nessa época ele fez tratamento psicológico por uso de drogas. Depois desse episódio, fez uma viagem com amigos pela América Latina. Mais tarde, conheceu os Estados Unidos e a Europa.
Duas vezes tentou abrir um negócio próprio, sem sucesso. Primeiro uma creperia em Curitiba, depois um restaurante na Lagoa da Conceição, em Florianópolis (SC), onde morou por cinco anos até ser preso na Indonésia. Se dependesse do pai, seria médico. Não deu certo. Tentou três cursos superiores, não concluiu nenhum. O último deles, Letras na Universidade Federal de Santa Catarina, o fez se fixar em Florianópolis.
Surfista, alto e boa pinta, na capital catarinense se envolveu com a professora Maria do Rocio Pereira, 13 anos mais velha, e com ela teve um filho. Jimmy Haniel Pereira Gularte hoje com 21 anos, é autista. À imprensa catarinense, Maria afirmou que logo após o nascimento Rodrigo disse não ter condições de assumi-lo. Depois da prisão, não tiveram mais contato.
A família reconhece que Rodrigo errou no caso da cocaína nas pranchas de surf, mas diz que ele nunca foi um traficante, antes um jovem cooptado pelo tráfico que fez a viagem para sustentar o próprio vício.



