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Qualidade de vida

Parceiros não só na pista

O garçom Paulo Rocha, 52 anos, já perdeu a conta de quantos casais viu surgir nos sete anos em que trabalha no baile da terceira idade do Clube Dom Pedro II. A união de muitos, inclusive, tem o dedo dele. Afinal, a bandeja que carrega entre as mesas não leva apenas bebidas. Leva também galanteios – não tem dia em que um freqüentador (seja homem, seja mulher) não peça uma forcinha aos garçons para tirar alguém para dançar. "A história é sempre igual. Quando o cara chega sozinho, fica quieto, no canto. Aí ele conhece alguém, começa a dançar e tudo muda", conta.

Foi assim com o casal Adão, aposentado de 72 anos, e Bernadete, comerciante de 58 (ambos preferem não ter o sobrenome divulgado). Pé-de-valsa, há tempos Adão procurava uma parceira à sua altura no salão. Ao chegar no baile da Sociedade Água Verde certo dia, percebeu que alguém não tirava o olho dele. Assim que a banda emendou um bolero – sua especialidade –, não teve dúvida. Atravessou o salão e a convidou para a pista. Já nos primeiros passos, teve a certeza que ali estava o par ideal não só para dançar. "Levei muito pisão no pé e empurrão nesses bailes. A convivência com ela, não só nos bailes, tem me feito muito bem", revela.

Maria também enche a boca para falar do namorado: "Ele é um legítimo Fred Astaire", resume o desempenho de José, 74 anos – os dois também preferem não revelar o sobrenome. Ambos se conheceram há um ano e meio no Dom Pedro II e, desde então, nunca mais dançaram com outra pessoa. "Não preciso de outra. Eu digo que como mulher ela é cem e como pessoa, é mil", enfatiza José, que desde que se aposentou, há 20 anos, vai todas as semanas aos bailes da terceira idade.

O repórter fotográfico aposentado Amaury Pereira Notaroberto, 66 anos, tem um manual próprio para se dar bem nos bailes. Primeiro, evita bebidas alcoólicas. "Que mulher gosta de homem com cheiro de cerveja?", questiona. A segunda é uma tática pessoal: "Sempre trago uma sacola com pelo menos três camisas. Vou suando e trocando. Assim, sempre estou apresentável." A terceira: ser humilde e observar o estilo dos bons dançarinos na pista para aprender passos novos, que surpreendam a parceira. "Se elas sabem que você dança bem, vão te procurar. Eu mesmo às vezes tenho que fugir porque não dou conta. Aí, para não desagradar e dizer não, dou uma volta", ressalta. O ânimo para quatro bailes por semana dá bons resultados. "Passei a ter esse pique todo depois que parei de fumar", revela ainda, antes de voltar apressado ao salão. "Desculpa, tenho que ir. Tem gente me esperando para dançar..."

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