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Edmundo Lemanski completaria 84 anos no dia 2 de outubro

Saiba mais detalhes sobre a trajetória de Edmundo Lemanski

Lemanski não lembrava de ter conhecido Cunha Pereira nos tempos da faculdade de Direito da Praça Santos Andrade, embora fossem contemporâneos e te­­nham se graduado com pouco tem­­po de diferença. Mas se tornaram conhecidos posteriormente. Foi graças a essa relação próxima que, no início da década de 1960, Francisco Cunha Pereira Filho – então um criminalista respeitado – ofereceu uma carona a Edmundo. Foi ali que tudo começou.

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Familiares e amigos se despediram neste domingo (22) de Edmundo Lemanski, empresário e diretor presidente da Rede Paranaense de Comunicação (RPC). O corpo de Lemanski, que morreu por volta das 14 horas de sábado, foi enterrado no Cemitério Parque Iguaçu, em Curitiba, às 17h28. Cerca de 600 pessoas entre familiares, amigos, funcionários e admiradores do trabalho do empresário passaram pelo cemitério durante o velório e enterro.

O diretor presidente da RPC tinha 83 anos e lutava contra um câncer, desde meados da década. No domingo, diversas autoridades e lideranças empresariais e políticas do Paraná prestaram condolências e destacaram a importância de Edmundo Lemanski para a comunicação do Paraná.

Na manhã deste domingo, diversas pessoas que trabalharam com Edmundo Lemanski estiveram no Cemitério Parque Iguaçu. A jornalista Rosy de Sá Cardoso, da Gazeta do Povo, disse que conheceu Edmundo Lemanski quando ele ainda era estudante de Direito. "Ele costumava dizer que comigo e com o doutor Francisco formávamos um tripé, porque éramos muito amigos", declarou. O jornalista e ex-funcionário do Grupo RPC Rubens Vandresen comentou que admirava a visão que Edmundo Lemanski tinha em relação aos investimentos e ao futuro.

O filho, Mariano Lemanski, disse que o pai sempre aparecia com uma ideia brilhante ou alguma sugestão que surpreendia a família. "Ele era muito dedicado à família, muito companheiro e presente. Todas as decisões que eu tomei na minha vida tiveram o dedo dele, o conselho dele, e sempre deu certo".

O prefeito de Curitiba, Luciano Ducci, também esteve no velório e lamentou o que chamou de uma grande perda na área da comunicação. "O doutor Edmundo sempre mostrou muita disposição e era um homem de luta que, com persistência e força, mostrava seu grande valor", declarou.

O ex-prefeito de Curitiba e atual candidato ao governo do estado Beto Richa foi ao velório no início da tarde. Ele disse que Edmundo Lemanski "era bastante respeitado e reconhecido em todo o estado". Para Richa, o empresário contribuiu muito para o crescimento do Paraná com seu estilo e competência.

O governador do Paraná em exercício e presidente do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ), Celso Rotoli de Macedo, fez questão de levar a família ao velório. "O Paraná está em luto e não poderia ser diferente". O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Paraná, José Lucio Glomb, destacou que os paranaenses sabem da importância de Edmundo Lemanski. "Embora fosse um empresário que não gostava de aparecer em primeiro plano, ele sempre esteve em primeiro plano".

A diretora da Central Globo de afiliadas, Cláudia Quaresma, veio do Rio de Janeiro (RJ) acompanhada de Alexandre Guimarães, diretor de atendimento das afiliadas, representando a Rede Globo e a família Marinho. "O Edmundo contribuiu muito para o trabalho que a Globo faz com as afiliadas e conseguiu transmitir a cultura paranaense para todo o país", declarou Cláudia.

No velório, o presidente do Boticário, Artur Grynbaum, comentou que Edmundo Lemanski construiu um império. "Apesar de não ter muito contato direto do com ele, sou amigo do Mariano (filho), que sempre aparecia com opiniões que traziam algo do pai. O doutor Edmundo tinha sempre uma boa palavra que trazia um ensinamento para todos nós".

Rogério Mainardes, superintendente coorporativo de marketing do Grupo Positivo e ex-diretor da RPC, destacou que Edmundo Lemanski tinha uma personalidade recatada e de uma simplicidade e transparência incríveis. "Ele vivia de forma simples e era atencioso com todas as pessoas, independente de cargos que ocupavam. A maior lição que ele me deixou foi a humildade. O empresário José Picolin, um dos fundadores do Colégio Rui Barbosa, lembra do pioneirismo de Edmundo Lemanski em veicular o comercial de uma escola na televisão. "Conheci o Edmundo ainda pobre, quando ia jogar xadrez com um colega nosso e ele ficava tomando chimarrão".

Marcelo Augustiniaq, que há 16 anos trabalha como caseiro da chácara de propriedade de Edmundo Lemanski foi ao velório com outros funcionários que trabalham no local. "Meus pais foram caseiros do doutor Edmundo então o conheci há muito tempo. Ele sempre tratou todos os empregados muito bem". Secretária pessoal de Edmundo Lemanski por 15 anos, Iracilda Schenseld disse que considerava o chefe um amigo. "Ele era exigente, mas ao mesmo tempo muito simples", disse.

Às 16h de domingo, o padre Levi Bonatto chegou ao local onde foi realizada uma missa de aproximadamente meia hora. Em um dos momentos mais emocionantes da cerimônia, Elizabeth, filha de Edmundo Lemanski, pediu para ler a carta que ela escreveu no dia dos pais, mas não conseguiu entregar a ele na data. No documento, Elizabeth agradeceu tudo o que o pai a ensinou. Na sequência, o corpo foi levado para que fosse realizado o enterro.

Edmundo Lemanski deixa viúva a também empresária Maria Elsa de Almeida Passos, natural de Campos Novos, Santa Catarina, e os filhos Marco, 44 anos; Maurício, 41; Mariano, 36; Elizabeth, 35, e a neta Sophia, de 6 anos. Estava na expectativa pelo nascimento de Lavínia, que seria sua segunda neta, também filha de Elizabeth.

Trajetória

Em 1962, ao lado do jornalista e também advogado Francisco Cunha Pereira Filho, morto em 18 de março do ano passado, Lemanski – então diretor do Banco Comercial – se lançou no ramo das comunicações. Juntos, os dois sócios construíram a maior empresa do ramo do Paraná, e uma das maiores do país, com mais de 1,6 mil funcionários.

Edmundo Lemanski nasceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Cresceu no tradicional bairro Passo da Areia. Era filho de Wladislau e Sophia Lemanski, ambos de origem polonesa, pais de seis filhos. A profissão do pai é incerta. Edmundo dizia que Wladislau tinha dotes de marceneiro, mas teria ganhado a vida como maquinista. Décadas depois, em sua fazenda, no município de São Luís do Purunã, nos Campos Gerais, onde criava cavalo crioulo, instalou uma Maria Fumaça, em homenagem ao pai.

A mudança de Edmundo para Curitiba se deu em 1945, para cursar Medicina. Tinha 19 anos. "Mas eu tinha medo de sangue. Desmaiava. Desisti", comentava. Optou por Direito e foi aprovado na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Bem-humorado, em entrevista dada recentemente à Gazeta do Povo declarou que estranhou muito a cidade, então acanhada, cinzenta e exposta a contínuas enchentes. "Custei a achar as moças daqui bonitas", brincou aquele que foi um dos galãs da Curitiba de meados do século passado.

Nos anos de estudos, viveu numa pensão do bairro do Cabral, do qual disse pouco se lembrar. Cedo entendeu que viera para ficar no Paraná. Raramente lembrava ser gaúcho. "Me tornei um paranaense. Essa é a minha terra."

A conversa com a reportagem, na ocasião, serviu de deixa para Lemanski falar das deficiências da capital quando aqui chegou. "Hoje está muito melhor", disse, lembrando o quanto a Gazeta do Povo e a TV Paranaense fizeram pela consolidação de uma capital e de um estado de expressão nacional. Afastado da rotina de suas empresas há cerca de dois anos, desde que os problemas de saúde se agravaram, declarou ter muita saudade das tardes na Gazeta do Povo – seu posto de preferência.

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