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Quem pedala na capital francesa conta com 652 quilômetros de vias exclusivas e uma estação de serviço a cada 300 metros | Fabrizio Rosa
Quem pedala na capital francesa conta com 652 quilômetros de vias exclusivas e uma estação de serviço a cada 300 metros| Foto: Fabrizio Rosa

Curitiba terá frota piloto em novembro

Ainda neste ano, Curitiba passará a contar com um sistema de aluguel de bicicletas – infinitamente mais modesto do que o de Paris, é verdade. A Bicicletaria.Net, empresa que venceu a licitação para os bicicletários da cidade, planeja colocar o serviço em funcionamento em novembro.

O sistema começará a operar com uma frota piloto de 21 bicicletas, inicialmente nos bicicletários dos parques São Lourenço, Jardim Botânico e do Centro Cívico. Todo o sistema de geomapeamento (GPS) e o software de cadastramento dos usuários e das bicicletas estarão disponíveis a partir da abertura dos bicicletários.

O custo inicial será de R$ 5 a hora de uso para o usuário. "A expansão da frota e dos postos de retirada e entrega das bicicletas, assim como a redução dos custos aos usuários, ainda dependem de parcerias que estão sendo negociadas com grandes empresas", explica o empresário Rafael Milani Medeiros. Segundo ele, o modelo de negócio é explorar a publicidade nas bicicletas em troca de subsídios ao sistema, a exemplo do que já ocorre em outras capitais do país.

Pacotes

Veja quanto custa* andar de bicicleta em Paris:

Diária: R$ 4,25 – o mesmo valor de um bilhete de metrô

Semanal: R$ 20 – para deslocamentos de 30 minutos

Anual

R$ 72,50 – para deslocamentos de 30 minutosR$ 97,50 – para deslocamentos de 45 minutosPara estudantes e bolsistas, o valor varia de R$ 48,50 e R$ 72,50

*Valor das assinaturas em reais, ao câmbio a R$ 2,50.

  • Ao todo, 23 mil bicicletas estão à disposição dos usuários

Na França, o ciclismo é uma paixão nacional, mas, ironicamente, até pouco tempo atrás, pedalar pelas ruas de Paris era uma prática arriscada. A revolução sobre duas rodas tomou a capital francesa recentemente com a criação do Vélib’, sistema de locação de bicicletas. Outras cidades da Europa, como Amsterdã, têm décadas de tradição em favor das pedaladas, mas a força com que a chamada Vélorution (revolução da bicicleta) ganhou Paris não tem precedentes. O Vélib’ acaba de completar cinco anos com comemoração e o prestígio de ter mudado a forma de viver e se locomover de toda uma cidade.

Vélib’ é um trocadilho com as palavras bicicleta e liberdade (vélo + liberté). Desde que surgiu, teve imediata adesão dos parisienses. A publicitária Letticia Marcon morava em Paris na época e lembra com saudades dos primeiros meses de Vélib’. "O lançamento foi no verão, por isso todo mundo queria pedalar. Como no início não havia muitas estações disponíveis, cheguei a ver gente que visitava os amigos com uma Vélib’ a tiracolo para não ficar sem na hora de voltar para casa."

Investimentos

O projeto Vélib’ foi concebido pela prefeitura de Paris, que cedeu à iniciativa privada a operação do sistema por dez anos. Com um investimento inicial de US$ 140 milhões, a JCDeacaux iniciou o serviço em julho de 2007, colocando nas ruas 11 mil bicicletas distribuídas em 750 estações. O sistema, que já nasceu grande, não para de crescer: hoje são 23 mil bikes para locação. Desde então, a empresa investiu anualmente outros US$ 5,5 milhões para manutenção do serviço. Em troca, opera 1,6 mil outdoors espalhados pela cidade.

Tudo é gerido e fiscalizado de forma compartilhada. Além da supervisão da prefeitura, existe um Comitê de Usuários, um ouvidor eleito, responsável por mediar problemas, além do contato direto com os ciclistas via redes sociais e blog. Para os conectados, um aplicativo de smartphone mostra as estações próximas disponíveis para quem quer pegar ou devolver uma bicicleta.

Replanejamento

O mérito do projeto não está apenas na imensa frota ou no gerenciamento do sistema. A partir do Vélib’, toda a estrutura viária de Paris foi replanejada, com a construção de vias exclusivas e de mão dupla, ciclofaixas nas ruas, trajetos que cortam e ligam os bairros, sinalização, semáforos para bicicletas, além de campanhas contra o vandalismo e de conscientização no trânsito. A jornalista curitibana Fernanda Peruzzo vive em Paris há um ano e é adepta da bicicleta. "Quase nunca ando de metrô ou de ônibus. Aqui é possível pedalar com segurança pelas ruas. Em vários trechos bicicletas e ônibus compartilham a mesma pista e há respeito com o ciclista." Se motoristas estão habituados à presença das bicicletas, há também respeito por parte do ciclista. Pedalar na contramão ou na calçada pode render uma severa bronca e até uma multa de um policial.

Recentemente, Fernanda trocou o aluguel da Vélib’ por um modelo anos 80 da marca holandesa Esparta e justifica a escolha. "A Vélib’ é útil, mas muito pesada. Às vezes há o inconveniente de encontrar estações vazias quando se precisa de uma ou estações cheias na hora de devolver. Chegou o momento em que eu queria escolher um modelo que me agradasse, colocar os acessórios que eu quisesse. E acho que isso é uma tendência agora aqui." Números oficiais comprovam esta percepção. Em cinco anos, o número de ciclistas cresceu 41% e o Vélib’ responde hoje por cerca de 38% do tráfego de bicicletas. Uma adesão compreensível, afinal a paisagem de Paris vale o esforço de umas pedaladas.

RegrasVélib’ tem opções de pacotes para turistas e moradores

O modo de locação da Vélib’ é semelhante ao de outras cidades (veja valores abaixo). Mediante uma taxa de assinatura, o usuário pode pedalar por 30 ou 45 minutos, dependendo do pacote escolhido, até devolver a bicicleta em uma estação. Ciclistas que extrapolam o tempo têm valores adicionais cobrados a cada meia hora, que são debitados no cartão de crédito. Mas 15 minutos após devolver a bicicleta já é possível pegar outra sem custo adicional, para mais um período de 30 ou 45 minutos.

A assinatura anual pode ser feita pela internet ou telefone. Há ainda opções para turistas. Em cada estação há um totem onde, tendo um cartão de crédito com chip, é possível imprimir um cupom para um dia ou uma semana. Para quem tem a assinatura anual basta posicionar o cartão Vélib’ diretamente no leitor magnético que fica junto de cada bicicleta.

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