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As catadoras Leoni Rodrigues e Maria Silva participam do projeto Ecocidadão | Valterci Santos/Gazeta do Povo
As catadoras Leoni Rodrigues e Maria Silva participam do projeto Ecocidadão| Foto: Valterci Santos/Gazeta do Povo

Gerenciamento é alvo de críticas

O gerenciamento dos parques de recicláveis é de responsabilidade da empresa Aliança Empreendedora, que recebe verba mensal da prefeitura. Para a procuradora Margaret Matos de Carvalho, a falta de experiência e uma visão voltada essencialmente para o mercado atrapalham o início do projeto. "Se continuar com essa gestão, a empresa estará colocando em risco todo um projeto, que é socialmente muito importante", critica.

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Os dois parques de recepção de materiais recicláveis de Curitiba, instalados nos bairros do Cajuru, Zona Leste, e do Boqueirão, Zona Sul, completaram quatro meses de funcionamento. Nesse período, 61 catadores se vincularam aos espaços, trazendo a totalidade ou parte de sua coleta para o estabelecimento. O número está bem abaixo da meta, de atender 100 catadores em cada parque.

Até o momento, o montante de lixo recolhido foi de 74 toneladas, média de aproximadamente 9 toneladas por mês em cada um dos parques. De acordo com o balanço divulgado pela prefeitura, os catadores participantes do projeto – conhecido como Ecocidadão – tiveram aumento médio na renda de 65%.

Para Marilza Aparecida de Lima, representante do Movimento Nacional dos Catadores de Material Reciclável, esse porcentual de ampliação dos rendimentos está acima da média. "Não acredito em um crescimento tão grande", diz. "Faço parte de uma cooperativa organizada e conseguimos 45%. Mas, se conseguiram esse índice, é ótimo." Uma das participantes do projeto, Leoni de Matos Rodrigues, afirma que a renda não aumentou nessa proporção, mas por outro motivo. "Dá para tirar mais dinheiro do que aqui, e a culpa de não conseguirmos isso é dos grandes geradores de lixo, que não passam o material", critica.

O incremento da renda dos carrinheiros se deve a três fatores preponderantes: uma melhor separação, a venda em conjunto e a diminuição do número de atravessadores. "Ainda não atingimos o estágio de vender diretamente à indústria", afirma a coordenadora de Resíduos Sólidos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Marilza de Oliveira Dias. "Porém, quando se vende mais material, consegue-se um preço melhor. E só o fato de haver uma melhor separação, já agrega valor ao produto."

Além da ampliação dos rendimentos do trabalho, há outros propósitos no projeto, como o de atingir a meta de atender 100 catadores em cada um dos parques. "No entanto, considerando que são apenas quatro meses, e que é preciso vencer uma barreira, considero o resultado positivo", diz Marilza. No entanto, a procuradora Margaret Matos de Carvalho, do Ministério Público do Trabalho, que é integrante do comitê gestor do projeto, critica os resultados obtidos. "Estão longe das metas delimitadas", ressalta.

Para o carrinheiro participar do projeto, algumas contrapartidas são necessárias, como não incentivar o trabalho infantil e não armazenar o lixo dentro das próprias casas. Outro fator que beneficia a classe é a possibilidade de lucrar pela quantidade de lixo arrecadada. "Se o catador trouxer 100 kg, ele vai receber por essa coleta", diz Marilza Dias.

Ampliação

Até o fim de 2011, o objetivo é instalar 25 parques espalhados por toda a capital. Ainda neste ano, a prefeitura pretende concluir a construção de outros dois espaços para reciclagem: no Pinheirinho e na Vila Torres. "Junto com os parques, estamos fazendo um cadastramento de catadores para saber o real número desses profissionais em Curitiba", diz Marilza Dias.

Com base nesse levantamento, a prefeitura pretende avaliar a necessidade de ampliar o número de locais de coleta. É possível também ampliar o número de catadores em cada parque. "O levantamento deve ser concluído até o fim de março, e aí saberemos como proceder", explica Marilza Dias. "Se a prefeitura conseguir realmente construir esses 25 parques, vai ser excelente. Não são 2,5 mil catadores, mas 2,5 mil famílias beneficiadas. Dá para dizer que são cerca de 10 mil pessoas atendidas." Estima-se que haja 15 mil carrinheiros em toda a região metropolitana de Curitiba – 5 mil deles só na capital.

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