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Mesmo após dois anos da explosão do navio chileno Vicuña, em 15 de novembro de 2004, no porto de Paranaguá, os culpados pelo acidente ainda não foram identificados. Até o momento, apenas três das seis perícias em andamento foram concluídas. Somente uma, a perícia judicial oficial apresentada ao Tribunal Marítimo, divulgada nesta semana, apontou resultados conclusivos. Segundo o relatório, a empresa Cattalini, proprietária do terminal onde o navio estava atracado, não teria responsabilidade pelo acidente.

Para a perícia, a explosão teria acontecido "de forma rápida e imprevista" e portanto não teria oferecido "condições nem tempo suficiente para a formação de uma atmosfera explosiva fora dos tanques de carga." A perícia ainda aponta que a explosão teria acontecido no interior do tanque CS7 do navio, onde a bomba de descarga funcionava no momento do acidente. Com isso, a responsabilidade recai sobre a Ultragás, dona do navio.

As conclusões foram tiradas a partir das imagens capturadas pelas câmeras de segurança da empresa Fospar, instalada a 500 metros do local da explosão, da análise das condições técnicas do navio e do estudo de maquetes eletrônicas. Embora reconheça a presença de instalações, sistemas e equipamentos elétricos inadequados no terminal da Cattalini, a perícia afirma que "não existe a possibilidade de uma centelha eventualmente originada no pier ter provocado diretamente a ignição dos vapores existentes no interior dos tanques de bordo."

As partes envolvidas (a Cattalini e a empresa proprietária do navio, a Ultragás) têm até o dia 5 de fevereiro para apresentar as impugnações ao conteúdo da perícia e levar seus próprios relatórios à procuradoria da Marinha, que por sua vez irá analisar o material e decidir ou não pela denúncia ao Tribunal Marítimo.

Indenização

Para o diretor superintendente da Cattalini, Claudio Daudt, a empresa teve a imagem abalada e os negócios prejudicados. Segundo ele, se após o julgalmento for confirmada a inocência da empresa, o grupo irá buscar judicialmente ressarcimento pelos danos sofridos. "Uma vez em posse dessas ferramentas tentaremos uma indenização", afirma.

O advogado da Ultragás, Luiz Roberto Leven Siano, diz-se surpreso em relação aos resultados do relatório e considera a análise especulativa. "Ele (o relatório) vai contra ao que já foi apresentado pelas perícias da Polícia Federal e da Capitania dos Portos", afirma. No primeiro caso, foram apontadas três possibilidades para a causa do acidente, duas imputando o terminal e uma imputando o navio. Já a perícia apresentada pela Capitania teria considerado impossível determinar as causas do acidente.

O juiz relator do processo no Tribunal Marítimo, Marcelo David, esclarece que a atual fase é a de antecipação de provas, na qual são recolhidos documentos como o inquérito aberto pela Capitania dos Portos, o laudo do perito judicial, além das declarações das cerca de 50 testemunhas ouvidas. "A fase mais demorada já está concluída. Acredito que no ano que vem o processo será julgado", afirma.

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