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Veja como aconteceu a queda |
Veja como aconteceu a queda| Foto:

Histórico

Desde 2001, oito aciden­tes foram registrados com aviões que pousa­ram ou decolaram do aeroporto do Bacacheri:

Junho de 2001 – O piloto do avião de uma empresa de táxi aéreo perde o controle e sai da pista. Chovia no momento. O avião bate no muro do aeródromo e os três ocupantes – dois tripulantes e um passageiro – ficam feridos.

Dezembro de 2001 – Dois ocupantes de uma aeronave que treinava acrobacias no aeroporto morrem após o avião colidir com o solo. O motor sofre uma pane e o piloto tenta pousar sem atingir as árvores. Durante a manobra, o avião perde sustentação.

Junho de 2003 – Após decolar, um avião tem uma pane no caminho para Santa Catarina e precisa pousar perto da Ceasa. O procedimento dá certo, mas, após a nova decolagem, o avião perde altura, cai em uma lagoa e afunda. Os dois ocupantes ficam feridos.

Outubro de 2003 – Uma aeronave que seguia em direção a Santa Catarina com quatro passageiros pede permissão para seguir para Paranaguá. A permissão é dada, mas o avião perde contato com o radar. Os destroços são localizados no dia seguinte, em Guaratuba. Todos os ocupantes morrem.

Dezembro de 2003 – Após decolar, uma aeronave tem uma falha no motor. Ao tentar pousar, o avião tem a cauda cortada por um fio de alta tensão e cai. Os cinco ocupantes saem ilesos.

Março de 2005 – Durante a decolagem, a cabine de uma aero­nave com três ocupantes se abre e o piloto tenta abortar o procedi­men­to. Ele não consegue e o avião sai da pista, batendo no muro do aeródromo. O avião pega fogo, mas os ocupantes não ficam feridos.

Maio de 2005 – Um funcionário tenta remover os calços da roda do avião, durante uma decolagem, e é atingido pela hélice. Ele fica gravemente ferido.

Outubro de 2008 – Ao tentar pousar, um avião perde o controle e derrapa, deslocando-se para a pista lateral. Os dois ocupantes não ficam feridos.

A queda de um avião monotor em cima de uma casa da Rua Paulo Ildefonso de Assumpção, na cabeceira da pista do Aeroporto do Bacacheri, em Curitiba, ontem, colocou em evidência o risco causado pela proximidade de residências e a falta de uma zona de escape. A aeronave Beechcraft A36 Bonanza caiu por volta das 9h30 e o piloto, Vitor Ascânio Caldonazo, 65 anos, morreu no local. O Aeroporto do Bacacheri é o quarto mais movimentado do sul país, com cerca de 930 pousos e decolagens mensais de aeronaves de pequeno e médio portes.

As recomendações da Portaria 1.141/GM5, do Minstério da Aeronáutica, de 1987, e da Instrução de Aviação Civil 2328, de 1990, é que pistas de comprimento entre 1,2 mil e 1,8 mil metros tenham uma zona livre de obstáculos altos de 60 metros. Do fim da pista de 1.390 metros do Bacacheri até a casa atingida a distância é de cerca de 30 metros, mas a residência fica abaixo do nível da pista, portanto não haveria nenhuma infração. O problema está na ausência de qualquer zona de escape após o fim da pista.

A Federação Internacional das Associações de Pilotos de Linhas Aéreas (Ifalpa, na sigla em inglês) recomenda uma área de segurança de 300 metros para tornar pousos e decolagens mais seguros. "A situação do Aeroporto do Bacache­ri não representa obstáculos para a aviação, mas traz riscos à população vizinha frente a fatalidades como esta", avaliou o perito e especialista em acidentes aéreos Roberto Peterka. Segundo ele, seria necessário desapropriar alguns imóveis ou reduzir o comprimento útil de pista (e consequentemente a capacidade dos aviões), como foi feito em Congo­nhas. No aeroporto de São Paulo o uso da pista foi reduzido em 150 metros depois do acidente com o JJ 3054, da TAM, em 2007.

O acidente

O monomotor caiu sobre um terreno com duas casas, mas só a da frente, onde funcionava uma empresa de higiene, foi atingida. Vitor Caldonazzo era o único ocupante da aeronave. O gerente da empresa, Antônio Reginaldo Silva, e sua secretária não ficaram feridos. Na casa dos fundos, Sabrina Chagas da Costa, 23 anos, seu bebê e a sogra também escaparam. "Estava tomando banho na hora. Senti o bafo quente da explosão e só consegui pensar em sair correndo para pegar o meu bebê", disse Sabrina. O fogo foi controlado rapidamente pelos bombeiros e a casa dos fundos, liberada. A da frente foi interditada pela Defesa Civil.

Os demais vizinhos se assustaram com a notícia. Moradoras da casa ao lado da atingida, as funcionárias públicas Sônia Blanchet, 49 anos, e Vivian Blanchet, 45, no entanto, disseram não se preocupar com o aeroporto. "Sabemos que foi uma fatalidade", disse Sônia.

Investigação

Em nota oficial, o Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta II) informou que o plano de voo tinha como destino a cidade de Pará de Minas (MG). O Comando da Aeronáutica, por meio do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), iniciou investigações para apurar as causas do acidente. "Não posso dizer se a falta de uma zona de escape maior contribuiu ou não para o ocorrido ou se o relatório final vai apontar qualquer recomendação nesse sentido", afirmou o tenente coronel Marcos Santos, um dos responsáveis pela apuração. O Cenipa não sabe estimar quando terminará as investigações. O modelo do avião não possui caixa-preta.

Segundo o secretário de segurança de voo do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Carlos Camacho, as pistas sobre as causas devem vir da observação visual do aeroporto no horário do acidente, das informações de voo do piloto e de instrumentos do avião. A principal suspeita é de pane no motor. "Entre tantos motivos possíveis, o mais comum é falta de drenagem da água do combustível. O motor para e o piloto não consegue fazer mais nada", explicou Peterka.

Colaborou Rodolpho Stancki.

O internauta João Paulo Wodiani postou no YouTube um vídeo mostrando o incêndio. Confira:

Veja o local da queda do avião:

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