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Brasília – A Polícia Federal desarticulou ontem, com a Operação Bruxelas, uma quadrilha que vinha aplicando um golpe bilionário no exterior com títulos de crédito brasileiros falsificados. Foram presas 12 pessoas, cinco delas em São Paulo e quatro em Goiás e, as demais, no Distrito Federal, Paraná e Pará. Dois outros membros do bando, um deles português, estão sendo procurados no Brasil e no exterior.

Os chefes da quadrilha são dois empresários, um de São Paulo e outro de Curitiba, presos na operação. Só em 2006, o chefão paulista teria embolsado R$ 300 milhões em comissões. Segundo a PF no Paraná, o empresário preso em Curitiba foi encaminhado para prestar esclarecimentos em Brasília, onde estão concentradas as investigações. Ele foi detido em casa, no bairro Água Verde.

As investigações, que correm em segredo de justiça, prosseguem e outros envolvidos poderão ser capturados. O golpe fez vítimas em pelo menos 20 países, até agora já mapeados com a ajuda da Interpol e de polícias estrangeiras, inclusive o FBI, dos Estados Unidos, país que registra o maior volume de prejuízo. Falsificados no Brasil, com a ajuda de dois falsários de Goiânia os títulos eram vendidos a empresários e investidores de boa fé do exterior e também a golpistas, que reproduziam a fraude em outros países.

Os valores dos títulos falsos variavam de US$ 50 milhões a US$ 1 bilhão (quase R$ 2 bilhões). O requinte do golpe chegava a tal ponto que os membros da quadrilha falsificavam também os documentos de certificação internacional dos títulos, chamados Swift, da sigla em inglês Society for Wordwide Interbank Financial Telecomunication e Euroclear. A quadrilha chegava a manter um "consultor" para responder aos e-mails de clientes com informações técnicas sobre os papéis. A quadrilha vinha aplicando golpes desde 1996, mas o esquema só foi descoberto há pouco mais de um ano, quando um empresário americano tentou negociar os títulos adquiridos, sem êxito, e a seguir foi preso um golpista marroquino na Alemanha. As investigações começaram em junho de 2006 e o cerco foi fechado ontem, com 14 mandados de prisão 22 de busca e apreensão executados no Brasil pela PF.

A PF evitou divulgar os nomes dos presos, por determinação judicial, mas um deles, flagrados por câmeras de tevê quando era preso em Brasília, foi identificado como sendo o técnico legislativo do Senado Givon Siqueira Machado Filho. Advogado, bem relacionado no Congresso, Givon atuou nos gabinetes dos senadores Siqueira Campos (PSDB-TO), Sibá Machado (PT-AC), que é presidente da Comissão de Ética do Senado, e Cícero Lucena (PMDB-PB).

Os títulos falsos eram negociados em nome de instituições financeiras brasileiras legítimas, com valor de face astronômico em dólares e euros. Os papéis não valiam nada, mas serviam num primeiro momento como garantia para obtenção de crédito aos seus detentores no exterior. Como são títulos de longo prazo, o esquema demorou a ser denunciado e descoberto.

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