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Nove em cada dez médicos de São Paulo desaprovam os planos de saúde com que trabalham, acham que eles interferem em sua autonomia e que isso prejudica o atendimento. Em pesquisa feita pelo Datafolha, a pedido da Associação Paulista de Medicina (APM), a nota média atribuída pelos médicos às operadoras foi de 4,7, de zero a dez.

Segundo o estudo, 93% deles afirmam sentir interferências dos planos de saúde em seu trabalho. Entre as queixas, dizem que não recebem por procedimentos feitos, que os planos limitam o número de exames e que a burocracia das operadoras retarda a internação de pacientes.

"Isso causa grave prejuízo a quem trabalha e à população que tem recursos financeiros para garantir à família um atendimento melhor e não consegue", diz o presidente da APM, Jorge Curi.

A pesquisa ouviu médicos de todas as especialidades. Segundo Curi, "as especialidades que exigem maior conversa com o paciente, como pediatria, clínica e obstetrícia, são as mais prejudicadas". Desiré Callegari, diretor do Con­selho Federal de Medi­cina, diz que muitos clientes recorrem à Justiça para conseguir fazer exames.

A Amil, sexta maior operadora de São Paulo em número de clientes, aparece como a que mais interfere no trabalho do médico em cinco de sete quesitos.

As entidades médicas cobram da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) que regule os planos para que desburocratizem o atendimento aos pacientes. Atualmente, há 17,6 milhões de usuários de planos médicos em todo o estado.

Outro lado

Procuradas, as operadoras se pronunciaram por meio de nota da Federação Nacional de Saúde (FenaSaúde), que tem os planos Medial, Intermédica, Amil (considerados na pesquisa os três piores) e SulAmérica (também citada) como associados. A entidade afirmou considerar o médico "soberano no diagnóstico e tratamento".

A entidade afirmou ainda que seus afiliados não fazem restrição ao acesso aos serviços, como internações e exames, "desde que estejam previstos nas coberturas contratuais". Já a Associa­ção Brasileira de Medi­cina de Grupo (Abramge) disse "não fazer parte de suas atribuições discutir remuneração aos prestadores de serviço".

A Cassi, citada pelos médicos co­­mo um dos quatro piores planos, disse que as glosas, item em que aparece com o maior índice de insatisfação, "ocorrem com base em não conformidades dos procedimentos definidos como padrão da empresa’’. Glosas são a recusa parcial ou total de uma fatura pela operadora por considerar sua cobrança indevida, por erro ou omissão de alguma informação nas fichas de atendimento ou pedido de pagamento. A ANS não quis se pronunciar.

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