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A reconstituição exigiu o fechamento de ruas no bairro para a simulação da perseguição policial | Pedro Serápio/Gazeta do Povo
A reconstituição exigiu o fechamento de ruas no bairro para a simulação da perseguição policial| Foto: Pedro Serápio/Gazeta do Povo

Uma equipe de investigação da Polícia Militar (PM) realizou na noite de quinta-feira, em Curi­­tiba, junto com o Instituto de Cri­minalística, a reconstituição da morte de cinco jovens que ocorreu em setembro deste ano no bairro Alto da Glória. Ao todo, 13 policiais estão presos por suspeita de executar os rapazes, embora tenham afirmado, logo após as mortes, que teria havido confronto e troca de tiros.

A investigação é realizada por meio de um Inquérito Policial Militar (IPM), instaurado pelo comando da corporação no dia da ocorrência. As prisões foram decretadas na semana passada, quando 12 dos 13 policiais foram detidos. O 13.º suspeito foi preso no início desta semana. O local onde eles estão presos não foi divulgado por questões de segurança.

O caso ocorreu no dia 11 de setembro. Os cinco jovens estavam em um Gol branco roubado, que foi representado por um veículo de mesmo modelo na reconstituição. Um rastreador instalado em um dos carros da PM utilizados na ocasião mostrou que o caminho feito pelos policiais foi diferente do relatado oficialmente.

Conforme mostrou o telejornal Bom Dia Paraná, da RPCTV, para o trabalho da noite de quarta, algumas das principais ruas do Alto da Glória, como a Nicolau Maeder e Mauá, foram fechadas para o trânsito. Os peritos simularam a perseguição e a abordagem que os policiais teriam feito na noite do crime, além de fazer testes de som, disparando contra sacos de areia, para estudar detalhes como a distância de onde o barulho poderia ser ouvido.

Versões diferentes

Toda a investigação é acompanhada pelo Ministério Público (MP). De acordo com o procurador Leonir Batisti, coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP, o propósito da reconstituição é confirmar detalhes desencontrados das versões obtidas com suspeitos e por testemunhas. "O trabalho é necessário para confirmar se é uma distância supostamente percorrida é coerente com o tempo gasto, por exemplo. Há dados que somente a remontagem da cena pode confirmar ou não", explica.

A previsão, segundo Batisti, é de que um laudo com as conclusões da reconstituição esteja pronto até a semana que vem. "Esperamos que a investigação seja encerrada em até três semanas", diz. Segundo ele, dependendo das conclusões, o laudo poderá servir de prova para enquadrar o caso como homicídio. "Neste caso, a denúncia será feita imediatamente, e os policiais vão responder pelas mortes na Justiça comum", afirma.

O caso

Os policiais envolvidos iniciaram uma perseguição ao grupo depois que avistaram o carro roubado. Depois de percorrer vá­­rias ruas, os jovens teriam furado um bloqueio policial mon­­tado pela equipe das Rondas Osten­­sivas Tático Móvel (Rotam). Se­­gundo a versão repassada pelos policiais ao Comando de Poli­ciamento da Capital, depois que o Gol bateu em uma mureta no Alto da Glória, os jovens saíram do carro efetuando diversos disparos. Na troca de tiros, eles teriam sido baleados e, embora levados até o Hospital Cajuru, chegaram mortos.

Um rastreador instalado no carro da polícia, no entanto, registrou um trajeto que não batia com o relato dos policiais. O aparelho revelou que, antes de conduzir as vítimas para o hospital, os oficiais da Rotam pararam em um matagal no bairro Santa Cândida, onde os suspeitos possivelmente foram executados.

Três dias depois do incidente, no dia 14 de setembro, o governador Roberto Requião (PMDB) determinou que todas as pessoas feridas em confrontos armados com a PM devem ser atendidas pelo Serviço Integrado de Aten­dimento ao Trauma em Emer­­gência (Siate).

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