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Cerca de mil sem-terra frustraram a tentativa da Polícia Militar de cumprir a reintegração de posse da Fazenda Boito, em Ramilândia, no Oeste do Paraná, na manhã de ontem. Portando foices, facões, enxadas e até coquetéis molotov (espécie de bomba caseira), os agricultores ligados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) fecharam a PR-590, estrada de acesso à propriedade, com paus, carros e tratores, por volta das 7 horas.

O bloqueio impediu a passagem do contingente de 300 homens vindos de diversos batalhões da PM no interior. Para evitar o confronto, que poderia ter um desfecho trágico, a Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) determinou a retirada dos policiais. O comandante da operação, major Davi Faustino da Silva, diz que os sem-terra usaram mulheres e crianças na linha de frente da barreira humana formada na rodovia.

Faustino e os líderes do MST iniciaram uma negociação tensa que durou pelo menos quatro horas. "Os líderes do movimento disseram que iriam resistir ao despejo, o que poderia culminar em violência. Mas a Polícia Militar optou primeiro pelo diálogo", afirma o major, que recebeu pelo celular a ordem de retirada da tropa feita pela Sesp.

Logo após o acordo, o comandante negociou com os sem-terra o desbloqueio da rodovia, o que foi imediatamente acatado por eles. De acordo com Faustino, o governo do estado, o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e o MST vão discutir uma maneira de resolver o conflito agrário.

A fazenda, pertencente a Lourdes Boito, está ocupada por 450 famílias desde julho de 2004. A proprietária aguarda desde então o cumprimento da ordem de reintegração da área pelo estado, o que seria feito ontem.

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