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Estudo aponta vocações e fragilidades do estado

Os técnicos que elaboraram o ZEE cruzaram dados econômicos, sociais e ambientais e chegaram à conclusão de que o Paraná poderia ser dividido, por afinidades, em 12 regiões. Para cada região foram estabelecidas potencialidades e fragilidades, além de recomendações em um documento de mais de mil páginas.

O mapa do ZEE evidencia que o Paraná tem divisões claras com relação ao desenvolvimento socioeconômico. Existem dois bolsões mais desenvolvidos: um na região de Curitiba e outro em um "corredor" de Foz do Iguaçu a Londrina. As maiores áreas urbanizadas ficam nessas regiões. No "meio" das faixas, a Região Centro-Sul apresenta índices baixos de desenvolvimento, com municípios com baixa escolaridade e mercado de trabalho precário.

O estudo também mostra que o Paraná ainda é essencialmente rural. só 6 mil km² dos quase 200 mil km² de extensão territorial são urbanizados. No restante, predominam longas extensões de terras destinadas à agricultura, campos e pastagens. As florestas de mata nativa se concentram próximas à zona costeira, principalmente na região da Serra do Mar, um dos últimos resquícios de Mata Atlântica conservada do país. Os focos verdes vão se dispersando em direção ao interior do estado e são praticamente inexistentes nas regiões Norte e Noroeste, onde a vegetação nativa foi eliminada para comportar a produção agrária.

Oficinas

As oficinas do ZEE ocorreram em Curitiba, Ponta Grossa, Guarapuava, Foz do Iguaçu, Toledo, Maringá e Londrina. Novas oficinas devem ocorrer a partir da semana que vem. A primeira será em Telêmaco Borba, ainda sem data definida. No fim de julho, Umuarama, Pato Branco e União da Vitória também devem receber as reuniões. O zoneamento deve ficar pronto até o fim de 2014.

Consulta

O resultado do ZEE pode ser consultado no site do ITCG (www.itcg.pr.gov.br). Contribuições e palpites podem ser enviadas ao e-mail zee_pr@itcg.pr.gov.br. As sugestões serão analisadas e podem ser acrescidas ao trabalho.

Quase 20 anos após o início das discussões, o Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) do Paraná deve ser finalizado ainda em 2014. Aguardado por ambientalistas e pelo setor produtivo há anos, o instrumento vai servir para direcionar o planejamento estratégico do estado, delimitando em quais regiões as empresas poderão se instalar e quais áreas deverão ser preservadas. O projeto está em fase de oficinas institucionais, em que participam representantes do setor público e privado, da sociedade civil organizada e da comunidade em geral. Todos são convocados a contribuir com críticas e sugestões.

INFOGRÁFICO: Veja como o Paraná foi dividido

Os resultados preliminares do ZEE, porém, evidenciam que a tônica deverá ser a de privilegiar o desenvolvimento econômico em detrimento da proteção ambiental mais rígida. A tese é refutada pelo Instituto de Terras, Cartografia e Geociências (ITCG), que coordena os trabalhos. Segundo o órgão, o zoneamento não é impositivo e serve apenas como um "manual de instruções".

Segundo a visão do ITCG, que coordena os trabalhos, o Zoneamento Ecológico-Econômico do estado aborda temas polêmicos do ponto de vista ambiental, como a exploração de gás de xisto no Noroeste do estado e a instalação de pequenas centrais hidrelétricas no Oeste, que aparecem como "potencialidades" das duas localidades.

A falta de definições sobre o que pode e o que não pode é um dos pontos que incomoda o presidente da ONG Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), Clóvis Borges. Ele avalia o zoneamento do Litoral, finalizado no ano passado, como "incompleto" por carecer de aprofundamento e supostamente favorecer projetos como a construção do porto de Pontal do Paraná.

Tendência

"O mapa [do Litoral] coincidiu com a vontade dos empreendimentos privados", afirma. Uma "tendência" que, segundo Borges, não é restrita ao Paraná. "Entramos no discurso de que não licenciar [empreendimentos] é ruim para o desenvolvimento econômico. Então, os governos estão descentralizando licenciamentos e desestruturando órgãos de fiscalização ambiental."

O ITCG, que coordenou a equipe de técnicos de 22 instituições estaduais e federais que elaboraram o ZEE, discorda da suposta possibilidade de interesses privados se sobreporem à preservação ambiental. "O fato de o zoneamento dizer 'pode fazer' não significa 'faça'. O documento não será subsídio para exploradores inoportunos", garante Meire Schmidt, engenheira do ITCG e parte da equipe executora do projeto. Mesmo que o ZEE recomende proteger uma determinada região ou a expansão de alguma atividade, isso só seria efetivado por decisão do governo ou das prefeituras e dependeria de estudos de impacto ambiental.

Alcance

O ZEE também não substitui leis e diretrizes ambientais e planos diretores municipais. O estudo foi feito em escala macro, sem muitos detalhes, e não engloba pequenos territórios, como municípios ou propriedades particulares.

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