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A Polícia Civil indiciou quatro médicos pelas mortes de três pessoas que passaram mal após a realização de exames de ressonância magnética em janeiro no hospital Vera Cruz, de Campinas (93 km de São Paulo).

Os médicos indiciados são Adilson Prando e José Luiz Cury Marins, donos da RMC, empresa responsável pelas ressonâncias dentro do hospital, e seus filhos Patrícia Prando Cardia e Marcos Marins, que trabalham na administração da RMC. Os quatro foram indiciados por homicídio com dolo eventual - segundo a polícia, não tinham a intenção de matar, mas assumiram o risco.

Ninguém do Vera Cruz, um dos mais importantes hospitais privados de Campinas, foi indiciado. A polícia entendeu que o hospital não interferia na gestão da RMC, apesar de ser sócio da empresa, com 50% de participação. Segundo a investigação, as mortes ocorreram porque uma auxiliar de enfermagem recém-contratada preparou, por engano, uma substância industrial (perfluorocarbono) para injetar nos pacientes no lugar do soro.

O perfluorocarbono era usado, em caráter experimental, em alguns procedimentos de ressonância para auxiliar na visualização das imagens, porém sem ser injetado, informou a polícia. O produto estava guardado numa bolsa de soro reutilizada e sem identificação. A funcionária que cometeu o erro não foi indiciada.

"Ela não tinha conhecimento desse produto. Ela não foi advertida nem treinada. Foi induzida ao erro", disse o delegado José Carlos Fernandes da Silva.

Já os responsáveis pela RMC, segundo o delegado, assumiram o risco de matar "ao introduzir [nos procedimentos] um produto industrial que o próprio fabricante adverte que não pode ser usado como produto médico, que era colocado em embalagens de soro reutilizadas, sem etiqueta, e que era manipulado por pessoas sem experiência e não supervisionadas por médicos ou enfermeiros".

Outro Lado O advogado da RMC, Ralph Tórtima Stettinger, afirmou que o dolo eventual não se aplica ao caso porque os médicos, "como proprietários, não tinham o papel de conferir [os materiais]". O suposto erro, segundo Stettinger, "poderá ter sido da enfermagem", que era responsável por conferir os produtos utilizados.

A defesa disse ainda que não havia produtos "misturados em um mesmo lugar".

Relembre o Caso

As três vítimas -Mayra Monteiro, 25, Pedro Ribeiro Porto Filho, 36, e Manoel Pereira de Souza, 39- sentiram formigamento após os exames de ressonância magnética e morreram no hospital cerca de 30 minutos depois. Segundo laudos divulgados em abril, as mortes ocorreram por embolia gasosa (formação de bolhas no sangue), causada pelo perfluorocarbono injetado por engano.

Após as mortes, ocorridas em janeiro, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) emitiu alerta nacional para lotes de soros e contrastes usados nos exames. Alguns desses produtos chegaram a ser recolhidos. Só depois ficou claro que as mortes decorreram de uma falha humana.

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