• Carregando...

Pelo menos dois bandidos morreram e três policiais civis ficaram feridos na cabeça durante a megaoperação policial para resgatar corpos que seriam de traficantes que teriam sido mortos na segunda-feira, numa guerra interna de uma facção criminosa. Entre os mortos estaria o traficante Antônio José Ferreira, o Tota, o primeiro na lista de procurados pela polícia do Rio, seus dois irmãos e mais cinco aliados. Pelo menos quatro corpos carbonizados já foram encontrados na favela, segundo o balanço da operação feito pelo secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame. Mais cedo, as informações eram de que cinco corpos tinham sido achados.

Segundo Beltrame, as investigações preliminares apontam que a ordem para a execução partiu de um "comando superior", provavelmente formado por presos. Ainda não foi possível identificar as vítimas, o que terá de ser feito através de exame de DNA. Nem é possível confirmar oficialmente se o Tota foi morto.

Na chegada da polícia ao local, criminosos soltaram fogos. Uma bomba de fabricação caseira também foi lançada contra os policiais. Eles trocaram tiros com bandidos, e dois homens ainda não identificados, que de acordo com a polícia seriam traficantes, morreram. O policial Alexandre Marchon, de 26 anos, foi baleado na Favela Nova Brasília. Ele estava em cima da laje de uma casa da favela, quando foi atingido por um tiro. Marchon é lotado na Delegacia de Combate às Drogas (DCOD), e estaria em sua primeira operação. Ele foi levado para o Hospital Getúlio Vargas, na Penha, e está sendo operado. Segundo médicos, o estado de saúde do policial é grave.

De acordo com o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, cerca de 800 policiais participam da ação, além de agentes do Batalhão de Operações Especiais (Bope). Foram apreendidos 20 quilos de cocaína, 30 quilos de maconha, três metralhalhadoras .30 e duas escopetas calibre 12, além de munições. Policiais da Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos (Drae) estouraram um paiol com munições, armas e drogas na Favela da Grota. O local era usado pelo tráfico para manutenção de armas.

Ficar ou não no morro?

No final do dia de hoje, será avaliada a necessidade de a polícia permanecer no Complexo do Alemão. Beltrame descartou, porém, a possibilidade de os policiais ocuparem a região permanentemente ou durante as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Sobre a Força Nacional de Segurança, que deixou no início da tarde desta quarta-feira os pontos de acesso do Complexo do Alemão que ocupava, o secretário disse que os agentes voltarão a atuar na cidade, mas não detalhou essa ação.

Questionado sobre a hipótese das execuções de traficantes do Alemão terem sido encomendadas pelo traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, que esteve no Rio nesta segunda-feira, Beltrame não descartou a hipótese. Ele admitiu que pessoalmente é contra a saída do presídio de criminosos perigosos como Beira-Mar para audiências.

Na estréia, novo caveirão enguiça

A operação de ocupação começou na tarde da terça. Cerca de 80 homens do Batalhão de Operação Especiais (Bope) ocuparam parte do Alemão, mas até o Foto: Pablo Jacob início da noite nenhum corpo havia sido encontrado. Na operação, um dos novos caveirões da polícia enguiçou no alto da Favela Nova Brasília. A Secretaria de Segurança informou que o veículo tinha sido atingido por uma granada. O veículo foi rebocado, com cabos de aço, por outro blindado, mas o caveirão antigo que rebocava o novo também enguiçou. Foi preciso que os PMs pegassem água num bar em frente para pôr no radiador.

Tota teria sido morto por ordem do traficante Fernandinho Beira-Mar, como apontam setores de inteligência da Polícia Federal e da Secretaria de Segurança. Eles teriam sofrido uma emboscada na Rua Joaquim de Queiroz, acesso à Favela da Grota, em Ramos. A execução teria sido uma represália dos principais chefes da facção criminosa de Tota, como Beira-Mar e Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP (que chegou a ser apontado como o mandante do suposto assassinato de Tota), que estão presos em penitenciárias federais em Catanduvas (PR) e Campo Grande (MS). O motivo seria o seqüestro de três operários chineses e do vice-cônsul do Vietnã, Vu Thanh Nam, ocorrido na Estrada das Paineiras, em agosto.

Segundo as investigações, a quadrilha de Tota errou ao praticar o crime, pois a ordem era seqüestrar turistas estrangeiros que pudessem ser usados como moeda de troca, para exigir o retorno dos chefes da facção para presídios do Rio. Além disso, o bando teria perdido em operações policiais grande quantidade de drogas e armas.

Os serviços de inteligência das polícias Civil e Militar citam ainda como causa da morte de Tota a execução de uma mulher que era querida entre os chefes de sua facção criminosa, mas que Tota acreditaria ser uma traidora. Tota também teria, de acordo com a polícia, dado uma surra num traficante conhecido como Mike, da Vila Cruzeiro, e não estava aceitando passar o comando do tráfico no Complexo do Alemão para Luciano Pezão (acusado de ter assassinado Tota). Tal comportamento, ainda de acordo com investigações da polícia, estavam desagradando à facção criminosa, que mandou executá-lo.

Ministério Público denuncia quadrilha do traficante Tota, que estaria morto

A 6ª Promotoria de Investigação Penal do Ministério Público do Rio de Janeiro ofereceu denúncia e pediu a prisão preventiva, nesta terça-feira, contra o traficante Antônio de Souza Ferreira, o Tota e mais sete acusados pelos crimes de formação de quadrilha e tráfico de drogas no Morro da Fé, Morro do Sereno, Vila Cruzeiro e Morro da Caixa D'Água, na Zona Norte. Da manhã da terça-feira até a tarde, o serviço registrou 12 denúncias informando a possibilidade de Tota ter sido morto por criminosos da mesma facção.

O Ministério Público também denunciou Jansen Paraíba; Fabiano Anastácio da Silva, o FB; Paulo Rogério de Souza Paz, o Mica; François Soares Suassuna; Marcelo Santana Viana, o Marcelino; Ricardo Severo, o Faustão; e Adriano Lima da Silva, o Diabão. Segundo a denúncia, os acusados controlavam o tráfico e a venda de drogas nos morros, cumprindo determinação dos chefes da facção. A polícia monitorou as transações da quadrilha utilizando, inclusive, interceptações telefônicas realizadas com autorização judicial. As investigações indicaram que Tota seria o chefe da quadrilha.

Em maio de 2007, o Disque-Denúncia aumentou a recompensa do traficante Tota de R$ 2 mil para R$ 10 mil para quem desse informações que levassem à prisão do criminoso. Nesse período foram registradas 422 denúncias sobre o traficante e outros integrantes da mesma quadrilha.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]