Quando se fala em liberação da maconha para consumo próprio, um dos principais problemas apontados é a velha máxima de que ela seria uma "porta para drogas mais pesadas". Essa é a história de vida de Christofer, 29 anos, e de grande parte de seus amigos. Na tentativa de se livrar de uma vida de vícios, hoje, o rapaz mora em uma comunidade destinada a dependentes de drogas.
"Com 15 anos, conheci a bebida. Aos 18, conheci a maconha. Até os 23 usava só maconha, mas aí ela não fazia mais efeito, não fazia mais a cabeça. Comecei a usar crack. Esse me derrubou", conta o rapaz que chegou a pesar 57 quilos. "Se liberarem a maconha, vai ser um estímulo para os jovens experimentarem. Aí a maconha será como uma ponte", opina Christofer. De acordo com o rapaz, o caminho percorrido por ele foi o mesmo de cerca de 50 amigos.
O sociólogo, membro do Coletivo Marcha da Maconha, Renato Cinco, diz não acreditar que o ciclo se inicie com a maconha. "Os usuários de drogas ilícitas começam utilizando drogas lícitas: o álcool e o tabaco", afirma. Para o sociólogo, a proibição tem efeitos piores no combate às drogas. "Com a proibição, você não consegue ter políticas de controle e, além disso, acaba estimulando o crime", opina.
Rei, 23 anos, usuário de maconha desde os 19 anos, teme o risco que traz o caminho que ele trilha. "Esse é o maior medo, inclusive dos meus pais, que sempre orientam sobre drogas mais pesadas. Até porque, quando você usa uma maconha, você entra no mundo da ilegalidade e fica suscetível", afirma o rapaz. Rei diz que, para não seguir a trajetória de viciados que acabam no fundo do poço depois de começar a drogadição com a maconha, evita experimentar outras drogas. Mesmo assim, admite que já experimentou LSD. (TC)
