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Zona de risco

Posição no mapa faz Uruguaiana se alarmar

Uruguaiana - A posição geográfica de Uru­guaiana coloca a cidade gaúcha em situação alarmante. Situada naquele biquinho que o Rio Grande do Sul forma em sua fronteira com a Argentina e o Uruguai, a cidade está na linha de frente do comércio com os vizinhos. É a porta por onde passam, em média, 700 caminhões por dia. Mas a geografia também a coloca nas trincheiras da guerra contra a gripe suína.

Cinco casos da doença já foram confirmados na cidade, três dos quais resultaram em óbitos – no estado foram 11 mortos. Um deles foi o caminhoneiro Dirlei Pereira, de 35 anos. Não à toa, são os caminhoneiros os mais assustados com a situação – e o fato de eles terem problemas de saúde frequentes, como hipertensão, por causa da má alimentação, certamente não ajuda.

"Estamos morrendo de medo. Ninguém quer ir para a Argentina, mas não tem outro jeito", conta Silvério Escobar Messa, que levava peças de caminhão de Sete Lagoas para Córdoba. A Argentina é um dos países com maior número de casos confirmados de gripe suína. A recomendação da transportadora para a qual Sil­vério trabalha é a de que, caso ele apresente qualquer sintoma da gripe por lá, largue o possante onde estiver, pegue uma carona e volte ao Brasil. No mais, ele ouve sempre um "boa viagem e te cuida" antes de viajar.

Flávio Evaristo, gerente da concessionária Eadi Sul, que administra o porto seco de Uruguaiana, garante que palestras estão sendo realizadas para orientar motoristas de qualquer nacionalidade que passam por ali para liberar suas cargas. Silvério e os colegas Luiz Vanderlan e Eduardo Ferreira dizem que não receberam orientação alguma. "Estou há uma semana aqui e não vi nenhuma palestra", diz Vanderlan, com o semblante preocupado, enquanto prepara o churrasco. Na churrasqueira ao lado, três colegas argentinos também assam uma carne suculenta, mas com o ar bem mais tranquilo. "Os brasileiros se alarmam demais", caçoa Mario Albrecht, que transporta óleo lubrificante de Buenos Aires a São Paulo.

Em Uruguaiana, a reclamação mais corrente é a de que os argentinos não se protegem co-mo deveriam. "Se nós usamos máscara para abordar um caminhoneiro de lá, ele pergunta se estamos com nojo de-les", relata Paulo Roberto Teixeira, secretário do Sindi-Mercosul, sindicato de caminhoneiros responsável pelo posto de atendimento onde Sandro se consultou. O secretário de Saúde da cidade, Luiz Augusto Schneider, corrobora: "A Argentina enfrenta problemas graves no âmbito federal, que se refletem nas políticas públicas. A rede de vigilância epidemiológica está defasada."

Para exemplificar, ele conta que, quando Paso de los Libres – cidade do outro lado do Rio Uruguai – teve o primeiro óbito por gripe suína um carro de som da prefeitura pedia para os moradores não passarem por aquela rua. "Isso mostra o despreparo deles."

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