• Carregando...
Sting: sem dom para as rimas | Arquivo Gazeta do Povo
Sting: sem dom para as rimas| Foto: Arquivo Gazeta do Povo

Orientação

Dicas para o professor manter a voz sempre saudável:

• Beba água em temperatura ambiente regularmente, evite líquidos muito quentes ou muito gelados.

• Evite o contato direto com o pó de giz. Quando apagar a lousa, afaste o rosto e use o apagador no sentido de cima para baixo, isso evita que o pó se espalhe.

• Mantenha uma alimentação saudável e regular.

• Evite café, bebidas gasosas e cigarro.

• Com orientação fonoaudiológica, faça exercícios de aquecimento e desaquecimento vocal, antes e depois das aulas.

• Se possível, utilize microfone durante a aula.

• Evite pigarrear, isso causa um forte atrito na pregas vocais, irritando-as.

• Evite falar enquanto escreve na lousa. Isso faz com que se tenha que falar mais alto e facilita a aspiração do pó de giz.

• Consulte anualmente o serviço de fonoaudiologia e otorrinolaringologia para prevenir possíveis problemas.

Lesões na garganta e nas cordas vocais são os principais problemas de saúde entre professores. Os dados são de um levantamento feito pelo Sindicato dos Professores do Paraná (Sinpropar), que contou com a participação de 250 profissionais. Em segundo lugar nas causas de ausência e afastamento da sala de aula está o estresse, seguido de dores na coluna e nos ombros.

O levantamento revelou que 37,2% dos profissionais apresentam alguma queixa em relação à garganta. Para o otorrinolaringologista Evaldo Macedo, do Instituto Paranaense de Otorrinolaringologia, o problema é decorrente tanto do abuso por parte dos profissionais como das condições de trabalho. "O excesso de aulas e as salas barulhentas contribuem para o desgaste da voz", afirma. Segundo dados da Academia Brasileira de Laringologia e Voz, a cada 110 educadores brasileiros, 7 deixam a função por acidente de trabalho relacionado a voz, o que representa 6,4% do total.

Além do esforço em falar durante longos períodos, o pó do giz também é apontado como uma ameaça à saúde. A professora de espanhol Adriana Mazza dá oito horas diárias de aula e já deixa no bolso do guarda-pó um descongestionante nasal e um colírio para aliviar a irritação alérgica. "Em dia de crise tenho que usar, senão não consigo dar aula", conta.

Assim como os problemas na voz, o estresse também é mais freqüente em professores em início de carreira. Isso porque a inexperiência faz com que eles, em geral, se sintam inseguros em relação ao controle da turma.

A carga horária excessiva, a falta de tempo para preparar as aulas, as cobranças por parte das instituições e o ambiente competitivo são apontados como principais causas do desgaste emocional dos professores. Segundo o levantamento do Sinpropar, 32% deles apresentam sintomas de estresse. A principal manifestação é a chamada Síndrome de Burnout, caracterizada pelo consumo excessivo de energia emocional e física em ambientes de trabalho.

Depois de 26 anos em sala de aula, o professor de Filosofia José Luiz Maranhão teve de se afastar da função por um quadro avançado de estresse. Há três anos licenciado, o professor ainda não se sente capaz de voltar a lecionar.

Ex-diretor do Departamento de Filosofia e um dos fundadores do Sindicato dos Professores do Ensino Superior, Maranhão dava 40 horas de aula por semana e lia em média oito livros por mês. "Hoje não consigo nem me concentrar nas leituras, tenho dificuldade de articulação de idéias, insônia e lapsos de memória", conta.

Além do excesso de trabalho, Maranhão diz que as políticas institucionais também contribuíram para o problema de saúde. "Lecionar é a minha vocação, sempre dei aula com entusiasmo, mas chegou uma hora em que eu não tinha mais condições de fazer isso. O trabalho exercido pelo professor não se esgota numa sala de aula. Começa antes da aula, com planejamento, estudo, preparação de exercícios e se prolonga a com correções, provas, reuniões pedagógicas, atendimento aos pais", ressalta.

Cobrança

Para o psicólogo e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná Clóves Amorin, que coordena o grupo de pesquisa em estresse e Burnout, o tipo de cobrança sofrido pelo professor é diferente em escolas públicas e particulares. "Nas instituições particulares o professor sofre, além da pressão do modelo de gestão, a cobrança dos pais, que vêem a escola como um serviço e exigem resultado", afirma. Nas escolas públicas, a indisciplina e a ausência dos pais na educação dos filhos costumam ser problemas mais freqüentes. "Os pais deixam para a escola questões que caberiam a eles, com isso o professor, que deveria apenas ensinar determinados conteúdos, acaba sendo muito mais cobrado", afirma.

Para o presidente do Sinpropar, Sérgio Gonçalves Lima, os baixos salários e a falta de reconhecimento contribuem para a insatisfação dos profissionais. "Às vezes o professor se vê obrigado a dar aulas de manhã, de tarde e de noite para conseguir se manter. O resultado é que o rendimento fica comprometido; é ruim para ele e para os alunos."

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]