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O Paraná pode terminar o ano com 33.640 novos casos de câncer, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). As neoplasias (alterações celulares que provocam crescimento exagerado das células) devem atingir 17.510 homens e 16.130 mulheres no estado. Os tipos de câncer mais freqüentes serão o de pele, próstata, estômago, mama e colo do útero. A estimativa faz parte da última projeção do Inca, de 2006, válida também para este ano.

Apesar de não divulgar dados de anos anteriores, o instituto avalia que o estado segue a tendência nacional de aumento da incidência, o que provoca mais mortes. No Sul do Brasil, o câncer já é a segunda causa de morte, atrás de doenças do sistema circulatório. No ano passado, 10.412 pessoas morreram no Paraná por causa do câncer (taxa de 100,2 mortes por 100 mil habitantes). O crescimento foi de 5,47% em relação a 2005, quando morreram 9.872 pessoas (taxa de 96,2 por 100 mil).

Com as pessoas vivendo mais e se expondo a fatores de riscos, como tabagismo, álcool, falta de atividade física e alimentação inadequada, a tendência é de aumento de casos, de acordo com o diretor-geral do Inca, Luiz Antônio Santini. A contradição é que a previsão ocorre num momento de possibilidade de cura maior que há 20 anos. Segundo Santini, equipamentos permitem que a radioterapia seja feita com menos lesão e, na quimioterapia, novas drogas agem diretamente sobre as células. "O que falta é conscientização da população. As pessoas ainda têm a idéia de que o câncer é incurável, têm medo de saber e dificultam o diagnóstico." Estima-se que 70% dos casos de câncer podem ser curados se diagnosticados precocemente.

No Dia Nacional de Combate ao Câncer, na próxima terça-feira, várias campanhas de prevenção serão realizadas no Paraná. A oncologista-clínica Rosane Johnsson aponta que, em uma ação preventiva, pelo menos cinco casos são notificados. "O negócio é informar. Enquanto o paciente não tem o diagnóstico, ele está muito longe do médico", afirma.

Na saúde pública ainda há dificuldades de tratamento, segundo Rosane. "Só para agendar uma mamografia no Brasil demora nove meses se o paciente já tem um nódulo palpável", afirma. Dos 399 municípios parananeses, apenas 45 têm mamógrafos – aparelhos usados no diagnóstico de câncer de mama, segundo o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde. A relação mostra que há no estado 131 aparelhos com comando simples em uso e mais 41 equipamentos com estereotaxia, que detectam a localização exata do tumor.

O responsável pelo programa de câncer de mama da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), Vinícius Milani Budel, afirma que o número é suficiente. Ele aponta que foram feitos 53,5 mil exames, em 2001, e 168,7 mil, em 2006, que custaram R$ 8,5 milhões. "Para um município pequeno não compensa ter mamógrafos porque tem mais custos do que pegar o paciente e conduzi-lo a macro-regiões", afirma.

Com relação a outros tipos de câncer, ele prevê uma diminuição na incidência de câncer de pulmão, graças a medidas anti-tabagismo, e do câncer de colo do útero, com a conscientização das pessoas. E aponta o aumento do carcinoma de pele, devido à exposição ao sol, e de próstata e mama, típicos das populações que envelhecem. "Temos uma cobertura razoável, mas, mesmo com boa cobertura, a incidência e a mortalidade são altas, inclusive no Canadá e nos Estados Unidos", conclui.

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