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Três cidades do Paraná foram selecionadas pelo governo federal para receber técnicos que vão estudar a viabilidade de aproveitamento energético do gás gerado pelos depósitos de lixo de cada município. Curitiba, Londrina e Maringá estão entre as 30 cidades brasileiras que, até o ano que vem, devem ter um levantamento sobre o potencial de uso do gás metano produzido pela decomposição dos resíduos urbanos.

O estudo será patrocinado pelos ministérios do Meio Ambiente e das Cidades, com US$ 979 mil financiados por meio de um convênio com o governo japonês e o Banco Mundial. O gerente-executivo do programa de resíduos sólidos urbanos do Ministério do Meio Ambiente, Marco Antônio Borzino, explica que o governo federal vai contratar consultores para fazer os estudos em cada cidade selecionada. Não haverá repasse de recursos diretamente para os municípios.

Borzino diz que somente por meio dos estudos será possível saber qual é o potencial de uso energético do metano produzido em cada aterro sanitário ou lixão. O metano é gerado pela decomposição do lixo orgânico (sobretudo restos de comida). Em cada depósito de lixo, porém, a composição de matéria orgânica é muito variável – de 50% a 70% do total de resíduos. Além disso, a forma como o aterro ou lixão foi implantado também pode ter impacto sobre a quantidade de metano produzida. O professor Nicolau Obladen, especialista em resíduos urbanos do curso de Engenharia Ambiental da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, confirma: qualquer avaliação de quanto metano é gerado em cada aterro sem um estudo específico é pura especulação.

Os três municípios paranaenses selecionados não têm uma avaliação prévia de qual é o potencial de produção de energia a partir do lixo gerado por seus moradores. Mas todos já estavam se preparando para a possibilidade de explorar os gases gerados a partir do lixo urbano. Curitiba, quando lançou um edital de concorrência pública (hoje suspenso pela Justiça) para a escolha da empresa que implantaria o novo aterro da cidade, já exigia que o futuro depósito de resíduos tivesse um sistema de aproveitamento do metano. Além disso, a Câmara Municipal aprovou, no fim do ano passado, a Lei 11.268, que autoriza a Prefeitura a conceder a exploração do gás produzido pela decomposição do lixo do atual aterro da cidade, localizado no bairro da Caximba.

Em Londrina, a Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) já enviou técnicos para visitar aterros onde o aproveitamento do gás já é feito. O presidente da CMTU, Gabriel Ribeiro de Campos, afirma que, como o aterro de Londrina é antigo (tem 30 anos de uso), muito material está depositado no local e, por isso, a geração de gás é grande. "Mas isso ainda não foi quantificado", diz ele.

Já a prefeitura de Maringá, juntamente com outros cinco municípios vizinhos (Marialva, Mandaguari, Sarandi, Paiçandu e Mandaguaçu), está negociando com uma empresa norte-americana, a Startech Environmental Corporation, a possibilidade de a companhia instalar na região uma usina de processamento de lixo e de geração de energia a partir dos resíduos urbanos. A tecnologia da empresa, chamada de plasma molecular, produziria energia a partir do metano e ainda teria como resultado a produção de gás carbônico e hidrogênio (que poderiam ser vendidos) e de um material que pode ser usado na pavimentação asfáltica.

Pela proposta apresentada pelos municípios, a empresa faria todo o investimento (cerca de US$ 140 milhões) e os municípios se comprometeriam a enviar 200 toneladas de lixo diariamente para a usina e a comprar 5 megawatts de energia produzida todos os dias a partir dos resíduos urbanos. Segundo a prefeitura de Maringá, não haveria problema para enviar as 200 toneladas, pois os seis municípios produzem 400 toneladas diárias de resíduos. A expectativa é de que as negociações estejam encerradas até o próximo mês. Caso a empresa aceite a proposta do consórcio de municípios, a usina deverá estar instalada na região até o fim de 2007.

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