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Um argentino acusado de participar de sessões de tortura nos anos 1970, durante o regime militar que governou o país, pode estar preso em Xanxerê, no oeste de Santa Catarina. Identificado como Cláudio Vallejos, de 53 anos, ele foi detido no dia 4 de janeiro, acusado de estelionato, e está recolhido provisoriamente no presídio da comarca. Procurado na Argentina, ele estaria no Brasil há vários anos.

O consulado da Argentina em Santa Catarina busca informações sobre o preso para possível pedido de extradição, mas preferiu ainda não se pronunciar. A Polícia Federal em Chapecó diz não ter recebido ainda nenhum comunicado oficial.

Vallejos, que responde a sete processos no Tribunal de Justiça de Santa Catarina - com duas condenações por estelionato - talvez seja o mesmo homem que, em 1986, revelou em uma entrevista à revista Senhor que presenciou torturas então praticadas por militares argentinos e admitiu ter matado cerca de 40 pessoas. Na entrevista, ao repórter Maurício Dias, ele se apresentou como militar e ex-integrante do Serviço Secreto da Marinha argentina.

O argentino tem documento de identidade brasileiro, embora conste que nasceu em Buenos Aires no dia 29 de maio de 1958. A data de nascimento e o mesmo nome são indícios que levam a crer se tratar da pessoa que concedeu a entrevista à revista.

Caso Tenório Jr

Entre as histórias de tortura de que ele teria participado está a do pianista Francisco Tenório Júnior, então com 35 anos, que foi a Buenos Aires em uma turnê com Vinicius de Moraes e Toquinho. Vallejos afirmou, na entrevista, que o músico foi sequestrado no dia 18 de março de 1976, sem motivo aparente, e acabou mantido preso após revelar que fazia parte do grupo de Vinicius. "Nós considerávamos Vinicius um comunista", disse. Mesmo após informes do Brasil de que Tenório não tinha militância política, ele não foi liberado. "Queriam que o Tenório dissesse algo sobre os artistas brasileiros que tinham participação política", afirmou.

Tenório teria recebido um tiro na cabeça. "Eu mesmo, com a ajuda de outros dois agentes, coloquei o corpo dele numa bolsa de cor preta", relatou. Segundo Vallejos, o corpo - que nunca foi encontrado - foi enterrado no Cemitério La Chacarita, com o nome falso de Marcelo Fernandes.

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