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Célio dos Santos Vieira, 33 anos, preso no domingo (6) por pedofilia, negou qualquer participação no caso da menina Rachel Genofre, de nove anos, que foi encontrada morta em novembro de 2008. Segundo a delegada do Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente (Nucria), Maricy Mortágua Santineli, ele confirmou ter cometido dois abusos sexuais a meninos e que, diante das confissões, alegou que não tinha porque mentir em relação ao caso de Rachel. "Ele inclusive disse que considera este caso um absurdo e afirmou em depoimento que o interesse dele é por meninos e que não sente atração por meninas", contou a delegada. Vieira está preso no Centro de Triagem II, em Piraquara, região metropolitana.

Apesar disso, a Delegacia de Homicídios (DH) solicitou a coleta do DNA de Vieira para comparar com o material encontrado no corpo de Rachel. Segundo a delegada Vanessa Alice, a averiguação faz parte de uma das linhas de investigação definidas, segundo a qual toda pessoa acusada de pedofilia no estado deve ser submetida ao exame. O teste ficará pronto em até 30 dias, mas, por se tratar de um caso prioritário, a delegada deve ter acesso a um laudo preliminar em aproximadamente sete dias.

Maricy informou que havia três denúncias contra Vieira no Nucria, todas por abuso sexual. Duas delas ocorreram neste ano. Segundo a Secretária de Estado de Segurança Pública (Sesp), em 2008, Vieira havia sido condenado por abuso sexual. Contra ele, havia quatro pedidos de prisão preventiva e um, de temporária. Em 2002, ele chegou a ser detido preventivamente, mas como não havia evidências para condená-lo, Vieira acabou sendo liberado. Segundo funcionários do Nucride, em 2005 o pedófilo teria sido preso, mas conseguiu fugir em menos de 24 horas. A Sesp não confirma esta prisão.

A prisão

Vieira foi preso por volta das 17h30, em frente ao Shopping Palladium, depois de ter sido reconhecido por uma vítima. Um menino de 12 anos que havia sofrido abuso neste ano reconheceu o agressor e telefonou para um tio. "Eu e um colega fazíamos patrulhamento em frente ao shopping, quando o tio do garoto nos abordou. Ele estava bastante nervoso e aparentemente abalado e nos apontou o suspeito", disse o guarda municipal Jorge Luiz de Oliveira.

Oliveira tentou abordar o acusado, mas, ao perceber a aproximação do agente, Vieira tentou fugir para dentro do shopping e foi pego por outro guarda. Assim que foi detido, o suspeito teria se alterado e tentado resistir à prisão. "Para nós, é um alívio termos tirado mais uma pessoa como essa das ruas. Espero que agora ele pague pelos crimes que cometeu", disse o guarda.

Após a prisão, Vieira foi encaminhado ao 8º Distrito Policial (DP). Ele apresentou o nome do irmão, que não tem antecedentes criminais. Entretanto, os policiais desconfiaram, porque o celular do suspeito tocou e uma mulher – possivelmente a mãe dele – perguntou por Célio. "Com isso, o Nucria foi acionado. Assim que me contaram a história, eu sabia que se tratava de quem estávamos procurando, porque tínhamos uma relação com os nomes falsos que ele usava", disse a delegada Maricy.

Segundo o Nucria, o perfil das vítimas de Vieira eram meninos com idade entre 10 e 14 anos, que residiam próximo a Cidade Industrial de Curitiba. O homem abordava os garotos e oferecia dinheiro para que eles o auxiliasse para fazer pequenas entregas. O pedófilo convencia as vítimas a subirem na garupa de sua motocicleta e as levava em locais ermos, onde cometia os crimes. "Neste ano, por exemplo, um dos casos de abuso aconteceu em uma fábrica abandonada na Vila Verde", disse a delegada.

Rede de proteção familiar

O Nucria investigava Vieira há mais de seis meses, mas as equipes tinham dificuldade em localizar o acusado porque ele contava com a ajuda da família, que dificultava as investigações. Segundo Maricy, a família do pedófilo se mudava de residência constantemente com o objetivo de dificultar o trabalho dos policiais. Como endereço, era sempre apontada a casa de uma irmã de Vieira, aonde ele nunca ia.

O pedófilo quase foi preso no feriado de Páscoa. Se passando por membros de uma igreja evangélica, a delegada e policiais do Nucria conseguiram descobrir o endereço de Vieira, que, à época, morava com a família, no bairro Sabará. Entretanto, uma pessoa que auxiliava nas investigações e que estava com o grupo foi reconhecida por um irmão de Vieira. "Este homem formou um grupo que se aproximou do carro onde estávamos. Para preservarmos a integridade desta pessoa, tivemos que deixar o local", disse a delegada.

No dia seguinte, os policiais retornaram a casa, mas Vieira havia fugido. "A mãe dele chegou a dizer que não via o filho havia mais de cinco anos. Entretanto, no dia anterior, ela foi vista com ele", contou Maricy.

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